Ainda sem um grande mercado exportador e com a perspectiva de novo aumento na produção de álcool, o preço do litro do combustível nas bombas dos postos deve continuar baixo em comparação com a gasolina, mas a diferença vai cair.
É o que afirma o consultor Luiz Carlos Correa Carvalho, que também é vice-presidente da Abag (Associação Brasileira de Agribusiness). De acordo com ele, o preço do álcool, que chegou a representar 45% do valor cobrado pela gasolina, deve ficar estabilizado em cerca de 60%.
“A curva de volatilidade deve ser menor, ficando entre 60% e 65%, para remunerar o produtor. Dificilmente, teremos preços tão ruins como na última safra”, afirmou o consultor. Isso deve ocorrer porque, embora ainda tímidas, as previsões apontam para crescimento das exportações, e o açúcar deve recuperar preço.
“O diferencial será a exportação para os Estados Unidos a partir de maio, por causa do preço alto da gasolina lá, cujo mercado flutua”, disse.
O valor da gasolina nos EUA em alta deve abrir uma oportunidade para o produtor brasileiro. “As exportações para a Europa também devem aumentar”, disse Carvalho.
Atualmente, a tonelada de cana-de-açúcar é vendida por cerca de R$ 35, abaixo da média histórica (de R$ 40 a R$ 45) e do valor praticado há pouco mais de um ano (R$ 55), mas já está acima do cobrado no fim de 2007 (R$ 32).
“A perspectiva de preço para o álcool não é boa. O carro flex é uma invenção extraordinária para o consumidor e provocou a concorrência entre álcool e gasolina. Se o produtor aumenta o preço do álcool, o consumidor usa a gasolina”, afirmou Bernardo Biagi, presidente das usinas Batatais e Lins.
Fonte: Folha de SP, em 25/03/2008