O “Diário Oficial” de São Paulo publicou no último dia 16 resolução da Secretaria Estadual do Meio Ambiente que suspende por 120 dias o recebimento de pedido de instalação ou ampliação de usinas de açúcar e álcool no Estado. Os 35 novos pedidos que já deram entrada na secretaria no mês passado não serão atingidos pela resolução.
O governo observou uma expansão exagerada de pedidos para a instalação de novas usinas sucroalcooleiras e decidiu promover um freio de arrumação para poder avaliar melhor os efeitos desse crescimento no Estado. O objetivo é o governo criar uma normatização para a instalação de novas usinas.
O grande receio do governo é o de que a cana-de-açúcar acabe se tornando uma monocultura. Hoje, de um total de 8,5 milhões de hectares de área cultivada, cerca de 5 milhões- mais da metade- já são ocupados pela cana-de-açúcar.
Nos últimos três anos, o crescimento da área plantada de cana-de-açúcar em São Paulo tem sido mesmo impressionante. Até 2005, o produto ocupava 3 milhões de hectares de toda a área cultivada. No ano seguinte, saltou para 3,5 milhões, e, em 2007, para 4,2 milhões. São Paulo responde por cerca de 70% do total de cana-de-açúcar produzida no país.
Apesar de a cana-de-açúcar ser uma das culturas que menos apresentam problemas ecológicos, o temor é que o Estado fique muito dependente de apenas um produto. Se ocorrer algum problema no setor sucroalcooleiro, a economia toda do Estado vai sofrer.
Para ter uma idéia da concentração, no dia 15 deste mês, a Fiesp divulgou pesquisa de emprego do Estado. Dos 62 mil novos postos de trabalhos gerados pela indústria de transformação em abril, 50 mil- ou 80%- foram dos setores ligados à indústria sucroalcooleira.
Os empresários do setor, no entanto, não devem gostar da medida. O risco de São Paulo é o de alguns projetos serem transferidos para Mato Grosso.
A decisão de suspender os licenciamentos para a instalação de novas usinas de açúcar e álcool também tem outro objetivo: o de avaliar se essas licenças estão sendo usadas para serem vendidas para grupos internacionais ou se têm mesmo o objetivo de se transformarem em investimento.
Fonte: Folha de São Paulo, em 16/05/2008