As usinas Guarani, Cosan, Alcooeste e Nova América anunciaram ontem (25/06) a exportação de 115 milhões de litros de álcool anidro para a Suécia. Segundo Paulo José Mendes Passos, diretor comercial da Açúcar Guarani, o contrato de exportação terá duração de 9 meses. O primeiro embarque ocorreu no dia 22 de junho com o envio de 14 milhões de litros de etanol adquiridos pela Sekab, maior importadora de etanol brasileiro. A negociação foi realizado com a participação da trading Sociedade Corretora de Álcool (SCA) Brazil Ethanol que identificou as usinas com capacidade de produzir o etanol dentro de exigências de sustentabilidade sócio-ambientais exigidas pela empresa sueca e no volume necessário. Em contrapartida, as empresas receberão um ágio de 5 a 10% sobre o preço do etanol praticado no mercado pela produção do biocombustível sustentável.
Segundo Passos, as negociações começaram em outubro de 2007. As usinas comprometeram-se, em todo o processo de produção, a oferecer condições adequadas de trabalho aos funcionários, cumprir as leis trabalhistas, respeitar as normas ambientais e ter no mínimo 30% da colheita da cana-de-açúcar mecanizada, com meta de chegar a 100% em seis anos. O contrato também prevê adequação das companhias às normas do Protocolo Agroambiental, compromisso celebrado entre as empresas e o Estado de São Paulo que estipula o fim da prática de queimada das lavouras até 2014. O acordo com a Sekab estipula, ainda, tolerância zero às empresas que possuam trabalho infantil e condições de trabalho não-organizadas.
A preservação de áreas de florestas tropicais e a meta de reduzir as emissões de dióxido de carbono em todo o processo de produção do etanol para níveis 85% inferiores aos registrados na cadeia de produção da gasolina são outros dos critérios previstos no acordo. Passos destacou a importância do acordo no que diz respeito ao cumprimento de exigências socioambientais. Ele disse que existe um discurso especulativo, muitas mentiroso, de que a produção de etanol ocorre em cima de trabalho escravo e de desrespeito à lei, que não correspondem à realidade do setor. “Existem alguns casos, mas a grande maioria das empresas trabalha dentro da lei disse”. A existência de um contrato que exige sustentabilidade e que permite que as empresas sejam auditadas vai ajudar melhorar a imagem do etanol no exterior. Na Suécia já circulam veículos flex-fuel e, inclusive, foi implementado o programa E-85, com 85% de biocombustíveis e apenas 15% de gasolina.
Fonte: Diário da Região, em 26/06/2008