A crise atual dos alimentos e do petróleo nos EUA pode levar o governo e o Congresso americanos a um acordo inédito: diminuir ou mesmo suspender por tempo determinado a tarifa cobrada ao álcool brasileiro, atualmente de 54 centavos de dólar por galão, ou 24 centavos de real por litro. A informação é do correspondente da Folha em Washington, Sérgio Dávila.
Segundo a recém-aprovada lei agrícola do país, a taxa teve sua validade renovada por mais dois anos. A idéia original do subsídio e da tarifa, argumentam Mark Udall e Ed Perlmutter, do Colorado, era que um anulasse o outro. Com a nova lei agrícola, o comprador norte-americano tem a percepção de que está pagando mais do que antes pelo mesmo produto, já que o valor do crédito fiscal que receberá caiu nove centavos de dólar.
Até o presidente do Federal Reserve (Fed, o BC americano), Ben Bernanke, já disse que é favorável a uma redução de tarifas sobre o álcool importado. Como vocês sabem, eu sou favorável ao comércio livre e acredito que [o fim da tarifa sobre] o álcool, por exemplo, reduziria os custos [dos alimentos] nos EUA, disse Bernanke.
Os EUA são o maior produtor do combustível, seguidos pelo Brasil, mas o custo do produto brasileiro é inferior –nos EUA, a matéria-prima é o milho, enquanto no Brasil é a cana-de-açúcar. As vendas brasileiras de álcool para o exterior tiveram uma queda de 14% no ano passado na comparação com 2006, para 3,6 bilhões de litros, segundo a Unica (União da Indústria da Cana-de-Açúcar).
Fonte: Folha de SP, em 02/07/2008