O aumento nos preços futuros do açúcar causados pela redução da oferta e incertezas em relação a produção global elevaram o valor das exportações da commodity em 26,4% no primeiro semestre deste ano e devem contribuir para usinas e produtores rurais fornecedores enfrentarem, em melhores condições, a crise que está assolando o setor nos últimos dois anos e que se agravou com a falta de crédito. O presidente da Açúcar Guarani, Jacyr da Costa Filho, afirmou que as perspectivas para o setor nesta safra e na próxima são positivas e que os fornecedores serão beneficiados com a melhor remuneração do açúcar no mercado internacional. A libra-peso do açúcar foi cotada na Bolsa de Nova York para janeiro a US$ 0,1854 contra um preço médio na faixa de US$ 0,13 e US$ 0,14.
Na safra 2008-2009 que se encerra em setembro, a produção de açúcar da Índia, segundo maior produtor mundial, caiu cerca de 42%, passando de 26 milhões de toneladas para 14,5 milhões de toneladas contribuindo para o déficit global de aproximadamente 6 milhões de toneladas. A quebra é consequência de problemas climáticos que podem comprometer também a próxima safra. O consumo de açúcar no país gira em torno de 22 milhões a 23 milhões de toneladas e para atender o mercado interno foi necessário importar o produto. A valorização do açúcar tem incentivado uma produção maior de açúcar nas unidades da região e de todo o Centro-Sul, apesar da União das Industrias de Cana-de-Açúcar (Unica) assegurar que a safra em andamento ainda é mais alcooleira.
Na região, por exemplo, os fornecedores da Açúcar Guarani, estima Costa Filho, devem receber entre 2% e 3% a mais em relação ao mix a ser pago no Estado pelo fato da empresa estar trabalhando com uma produção na faixa de 63% a 65% e açucareira e comercializar açúcar refinado que tem maior valor agregado. Segundo Costa Filho, a unidade São José, em Colina, fabrica somente açúcar e as unidades Cruz Alta e Severínea tem elevada produção do alimento. Já a unidade de Tanabi fabrica apenas álcool. Segundo levantamento do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), no momento, o açúcar paga 57% mais que o álcool anidro e 68% mais que o hidratado. Estima-se que o déficit global de açúcar gira em torno de 6 milhões de toneladas na safra atual.
A Unica divulgou que o valor exportado de açúcar pelo setor sucroenergético brasileiro aumentou em 26,4%, subindo para US$ 3,8 bilhões no primeiro semestre. O total representa uma contribuição significativa para o superávit da balança comercial brasileira no primeiro semestre de 2009, que foi de US$ 14 bilhões até junho desse ano, conforme dados da Secretaria do Comércio Exterior (Secex), ligada ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior. “O déficit mundial de açúcar e a incerteza em relação à produção de alguns países fizeram com que os preços mundiais de açúcar disparassem o que permitiu um avanço substancial das exportações brasileiras”, informou Antonio de Padua Rodrigues, diretor técnico entidade. Ele avalia que a remuneração obtida pelo produtor brasileiro com a venda de açúcar no primeiro semestre deste ano foi em média 51% superior à receita gerada com o etanol hidratado vendido no mercado doméstico. “Isso tem estimulado uma maior produção de açúcar pelas unidades produtoras.”
Fonte: Diário da Região, em 22/07/2009