A Petrobras, por meio da Petrobras Biocombustíveis, aportará até o fim deste mês R$ 682,5 milhões na Açúcar Guarani como parte do plano de investir R$ 1,6 bilhão em cinco anos na companhia sucroalcooleira, controlada pelo grupo francês Tereos. Os recursos da estatal não estão carimbados para um projeto específico, mas a expectativa é que, a partir desta oxigenação, a Guarani volte a planejar investimentos vultosos.
A companhia já tem na agulha um grande projeto de produção de energia elétrica a partir do bagaço da cana que deverá triplicar a capacidade atual e consumir cerca de R$ 500 milhões em recursos, segundo estimativas de mercado.
Jacyr Costa Filho, diretor-presidente da Açúcar Guarani, não divulgou o valor do aporte, mas explicou que quatro usinas da empresa vão receber cinco projetos para produzir juntas 639 mil megawatts hora (MWh) por ano, elevando a potência atual para 900 mil MWh anuais. Os projetos já estão cadastrados a participar do próximo leilão de reserva de biomassa da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) e devem ser concluídos em dois anos.
Trata-se da ampliação das plantas de cogeração já existentes em três usinas paulistas – São José (Colina) Cruz Alta (Olímpia) e Vertente (Guaraci), na qual a Guarani tem 50% de participação, adquirida no início deste ano – e a implantação de um projeto totalmente novo na usina Tanabi, localizada na cidade paulista de mesmo nome e ainda sem cogeração. Os projetos devem representar à Guarani uma utilização de até 80% do bagaço de cana para cogeração, nível que hoje está em 20%.
A empresa acabou de divulgar um lucro líquido de R$ 24,3 milhões no ano-safra 2009/10, finalizado em 30 de março, ante o prejuízo de R$ 205,2 milhões do ano anterior. O bom resultado se deveu aos elevados preços do açúcar, que estavam em média 40,1% mais altos, e do etanol, 14,4% superiores aos da temporada passada.
Os fundamentos altistas do açúcar fizeram a companhia destinar parte dos seus investimentos em 2009 para ampliar em 50% a capacidade de produção da commodity. Assim, neste ano, a Guarani terá condições de produzir 1,5 milhão de toneladas do produto, ante os 1 milhão do ciclo 2009/10.
Mas com a presença da Petrobras Biocombustíveis – que, ao final dos cinco anos, deterá 45,7% do capital social da Guarani -, o compromisso de longo prazo da empresa é atingir um mix com 50% para etanol. Na atual safra, 60% das 16 milhões de toneladas de cana que a Guarani processará no Brasil ainda deverão virar açúcar.
O plano da Guarani de ampliar o produto energia em seu portfólio tradicionalmente açucareiro também integra a estratégia de transferência de ativos da Tereos para o país. Ontem, a empresa definiu que a relação de troca será de uma ação da Guarani para uma da Tereos, mas a decisão ainda passará por assembleia de acionistas.
Fonte: Valor Econômico, em 26/05/2010