O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) obteve autorização do Conselho Monetário Nacional (CMN) para começar a operar uma nova linha de financiamento para a formação de estoques de etanol.
O banco oferecerá R$ 2,4 bilhões em crédito, que deverão ser repassados por instituições comercias em operações indiretas com juros subsidiados.
O objetivo é criar um mecanismo capaz de diminuir a volatilidade do preço do álcool combustível na entressafra. A linha foi pedida pelo Ministério da Agricultura, que já tinha conseguido viabilizar linha similar de R$ 2,3 bilhões no ano passado.
Os recursos foram compostos pelo BNDES (R$ 1,3 bilhão) e Banco do Brasil (R$ 1 bilhão), mas, segundo o gerente do Departamento de Biocombustíveis do BNDES, Artur Milanez, menos de 10% foram emprestados. Os bancos comerciais não tiveram muito apetite e o preço se recuperou, reduzindo a necessidade de caixa das usinas, disse. O ministério apontou que só R$ 33 milhões foram liberados.
O financiamento, com juros de 11,25% ao ano, foi lançado em junho de 2009, quando o mercado financeiro ainda sofria com a retração do crédito na esteira da crise mundial. Os bancos estavam mais cautelosos e a exigência de garantias físicas além do próprio combustível estocado no valor de 150% do valor tomado somou-se à fragilidade financeira das usinas, inviabilizando operações.
Reação. As taxas de juros foram consideradas altas pelos usineiros, que pediram redução. Milanez não deu detalhes das taxas na linha deste ano, que contará apenas com recursos do BNDES, mas, segundo a União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), o prometido aos produtores é 9% ao ano, com subsídio do Ministério da Fazenda, nos moldes da que tem sido feita para os juros reduzidos do BNDES para bens de capital (PSI).
Falta a Fazenda fechar com o BNDES essa equalização. Mas tem de ser feito logo. O BNDES tem que passar as condições para que os bancos comecem a operar. Se demorar muito, o efeito sobre os estoques pode não ser alcançado. Já temos 25% da safra realizada, alerta o diretor técnico da Unica, Antonio de Padua.
Para Padua, o volume de crédito disponível no BNDES poderá financiar o estoque de até 4 bilhões de litros de etanol. Com juros abaixo do mercado, tendo em vista que o setor está em condições financeiras melhores, mas ainda precisa dar outras garantias, a linha tem tudo para se viabilizar este ano. Todos os produtores estão esperando por isso, diz.
A previsão da Unica é de o setor fechar o ano com produção de 27 bilhões de litros, depois de a última safra ter sido prejudicada por fatores climáticos.
Fonte: O Estado de SP, em 03 de julho de 2010