A recuperação da atividade econômica levou o consumo industrial de energia a atingir recorde histórico em julho. Segundo dados divulgados pela Empresa de Pesquisa Energética (EPE), a indústria brasileira consumiu 15.915 gigawatts-hora (GWh), volume 0,6% superior ao recorde anterior, de agosto de 2008. A EPE destacou ainda o bom desempenho do consumo residencial, que atingiu a melhor média per capita desde 2001.
A trajetória crescente do consumo da classe industrial, bem como a evolução dos principais indicadores internos de atividade, evidenciam que a retomada da indústria nacional vem se dando não apenas pelo efeito base da crise de 2009, analisam os técnicos da EPE, na Resenha Mensal de Mercado de Energia Elétrica de julho. O consumo industrial de energia vem crescendo há sete meses seguidos.
A retomada das atividades da indústria brasileira tem sido destaque também nas pesquisas do IBGE, que viu alta de 16,2% na produção industrial no primeiro semestre de 2010. Segundo o estudo da EPE, a indústria da região Sudeste registrou maior crescimento no consumo em julho, de 18,3% com relação ao mesmo mês do ano anterior.
A maior taxa (24,2%) foi verificada no Espírito Santo, que sofreu com a redução expressiva nas exportações de minério durante a crise.
Todas regiões. Embora os Estados mais dependentes da indústria extrativista mineral tenham registrado maiores altas, dizem os técnicos da EPE, o crescimento do consumo industrial de energia está espalhado por todos as regiões. No Nordeste e no Sul houve aumento de 9,9% e 10,4%, respectivamente. Norte e Centro-Oeste apresentaram as taxas mais baixas: 2,2% e 2,3%.
A Resenha da EPE destaca o crescimento robusto do consumo residencial de energia no País. A classe mostrou não ter sofrido com a crise financeira de 2008/2009. Ao contrário, demonstrou uma aceleração do ritmo de crescimento, encerrando 2009 com expansão de 6,4%, comentam os técnicos da entidade. Em julho de 2010, a alta foi de 4,2%, contribuindo para uma crescimento acumulado de 7,5% no ano.
Resultado do crescimento da renda dos trabalhadores e das altas temperaturas registradas no ano, tal desempenho levou a média do consumo per capita no Brasil a 157,2 kilowatts-hora (kWh), o maior nível desde o período anterior ao racionamento de energia de 2001/2002. Esse nível de consumo, diz a EPE, corresponde a uma residência com uma geladeira de uma porta, cinco lâmpadas de 40W, uma TV de 20 polegadas, uma lavadora de roupas e um chuveiro elétrico. A conta considera uma família de quatro pessoas.
O levantamento da EPE detectou ainda alta de 4,5% no consumo comercial de energia no País, com destaque para as regiões Norte e Nordeste, com taxas de 9,8% e 9%, respectivamente. A contínua expansão do consumo comercial nessas regiões pode ser em grande parte explicada pelas condições favoráveis de crédito e pelo incremento da massa salarial, que alavancam as atividades de comércio e serviços, diz o documento.
No acumulado do ano, o consumo total de energia no Brasil cresceu, até julho, 9,7%. Em 12 meses, a taxa é de 6%.
Consumo regional
O levantamento da EPE detectou alta de 4,5% no consumo comercial de energia no País, com destaque para as regiões Norte e Nordeste, com taxas de 9,8% e 9%, respectivamente.
Fonte: Estadão, em 25/08/2010