A Cosan e a Shell assinaram ontem (25) acordo para criação de uma joint venture que atuará na produção de biocombustíveis, açúcar e cogeração, além da distribuição de combustíveis.
A proposta de associação foi anunciada em fevereiro pelas companhias, mas a assinatura do contrato -prevista para o fim do mês passado- só ocorreu ontem devido à complexidade da operação, segundo a Cosan.
Com ativos da maior produtora de etanol de cana do mundo-com 2 bilhões de litros por ano -e da líder mundial em distribuição de combustíveis, a joint venture pode, finalmente, tornar o etanol uma commodity global.
Acreditamos que o mundo precisa de soluções de energia renovável, e vemos a cana como a melhor delas. Esse é o plano macro desse negócio, diz o diretor-presidente da Cosan, Marcos Lutz.
Além do aporte de US$ 1,6 bilhão e dos ativos em distribuição no Brasil que a Shell vai transferir para a joint venture, a influência política da anglo-holandesa (a segunda maior petroleira privada do mundo) deverá contar a favor do etanol brasileiro.
Lutz acredita que a parceira pode atuar no convencimento da sociedade mundial -políticos, órgãos reguladores e consumidores- de que o etanol é uma solução plausível para a busca por combustíveis renováveis eficientes do ponto de vista econômico e ambiental.
A associação também deve trazer ganhos logísticos e de escala, o que possibilitará que o etanol chegue de forma mais acessível, no longo prazo, a consumidores de outras partes do mundo, diz Lutz.
COMBUSTÍVEL GLOBAL
O executivo acredita que os biocombustíveis podem, no longo prazo, atingir 10% da matriz mundial de transporte. Executivos da Shell já declararam estimativa semelhante para 40 anos.
Por reduzir as emissões de gases de efeito estufa em mais de 80%, espera-se uma ampla aceitação do etanol no mercado mundial, à medida que os países sejam obrigados a tornar a sua matriz energética mais limpa.
O etanol já representa mais da metade dos combustíveis no Brasil e 10% nos EUA. A questão é o quanto se pode produzir de combustível renovável de forma economicamente viável. E aí eu acho que o Brasil pode ter um senhor papel, afirma Lutz.
A parceria terá uma divisão destinada à produção e outra à distribuição. Nasce com valor de mercado de cerca de R$ 20 bilhões e receita próxima a R$ 50 bilhões.
Executivos de Cosan e Shell já trabalham no planejamento da nova empresa, mas, para unir estruturas, é necessário o aval da Comissão Europeia, o que pode ocorrer em seis semanas.
Fonte: Udop, em 26/08/2010