Com ampla experiência no ramo sindical, Djalma de Paula é o entrevistado da coluna Eleições 2010 neste domingo. Na avaliação do presidente do Sindicato dos Químicos, o candidato, além de residir em Rio Claro, deve apresentar biografia e atrativos que façam dele uma unanimidade. Ele acredita que o eleitorado amadureceu o suficiente para migrar os votos em candidatos locais abrindo caminho para que a cidade possa ter seus próprios representantes em Brasília, na Câmara Federal, e em São Paulo, na Assembleia Legislativa.
JC – Quando você deu início à caminhada sindical?
Djalma – Foi como mecânico de manutenção, na década de 80, que ingressei no movimento sindical como diretor do Sindicato dos Químicos de Rio Claro. O convite foi do então presidente Domingos Antonio Teco, fundador da entidade sindical.
JC – Hoje, qual é a principal reivindicação da classe operária em Rio Claro?
Djalma – Diria que as principais reivindicações são a redução da jornada de trabalho para 40 horas semanais, sem redução salarial, o fim do fator previdenciário e a igualdade de oportunidades. E, especialmente, a necessidade de melhorias nas instalações no Posto de Atendimento do Ministério do Trabalho e Emprego em Rio Claro e ampliação na quantidade de Auditores Fiscais para atender a demanda de fiscalização no ambiente de trabalho nas empresas. É preocupante o elevado índice de acidentes de trajeto e do trabalho em Rio Claro, sobretudo em relação aos acidentes fatais.
JC – Número elevado de candidatos pode inviabilizar a representatividade de Rio Claro na Assembleia Legislativa?
Djalma – Não acredito que a quantidade seja o único fator de inviabilização da representatividade. O candidato deve ter a capacidade de convencimento, passar credibilidade ao eleitor e conquistar o seu voto, afinal a democracia não restringe a participação de ninguém, desde que observada normas da Legislação Brasileira. O candidato além de residir em Rio Claro deve apresentar biografia e atrativos que façam dele uma unanimidade. O eleitor sabe migrar o voto, em eleições recentes ficou demonstrado que o eleitorado está cada vez mais atento.
JC – Qual é a importância de Rio Claro contar com deputado estadual?
Djalma – Uma cidade como a nossa que tem uma população com cerca de 200 mil habitantes, e 135 mil eleitores, tem plenas condições de manter e ampliar a representatividade legislativa. A ausência de deputados de Rio Claro na Assembléia Legislativa e Câmara Federal significa desprestígio e invisibilidade política. O amadurecimento e desprendimento das forças políticas do município tornariam viável a concretização deste projeto. Compartilho do que disse o estimado José Felício Castellano (Gijo), que uma cidade como Rio Claro deve estar representada no legislativo estadual e nacional.
JC – E qual é a importância de Rio Claro também contar com um deputado federal?
Djalma – Basta observar o desenvolvimento das cidades da região que podem contar com deputado na Câmara Federal. Todos nós devemos nos preocupar com o futuro de nossa cidade, de nossa região, estado e país. O trabalho de um deputado federal é muito importante devido a responsabilidade de fiscalizar o Executivo, apresentar projetos e emendas às leis. O deputado federal, como membro da Câmara Federal, é órgão de consulta superior que debate projetos de leis de seus pares ou do Poder Executivo. E detém o poder da indicação de emendas parlamentar no orçamento da União que podem ser aplicadas no município.
JC – Com relação a sucessão estadual. Você avalia que o Alckmin está bem encaminhado para voltar a administrar do Estado de São Paulo ou a liderança nas pesquisas, no momento, não é suficiente para assegurar a vitória?
Djalma – O jogo só termina quando o juiz apita, ou seja, o jogo é o processo eleitoral, o juiz é o eleitorado, o apito é abertura das urnas. Já vimos situação em que um determinado candidato era inexpressivo, apenas um traço na pesquisa, e ao final venceu a eleição. Enquanto outro candidato disparado na frente perdeu. O Alckmin não deve acreditar em vitória antes da hora e o Mercadante, o mais próximo dele nas pesquisas, deve apostar na possibilidade do 2º turno.
JC – E na esfera federal. Dilma ou Serra?
Djalma – Dilma Rousseff é minha candidata à Presidência da República por ser a continuidade do Governo do Presidente Luis Inácio Lula da Silva. Muito ainda precisa ser feito, mas os avanços são significativos até aqui. Basta observar estudo divulgado, em setembro de 2009, por exemplo, pela Fundação Getulio Vargas (FGV), que cerca de 31 milhões de brasileiros ascenderam de classe social entre os anos de 2003 e 2008. A pesquisa é baseada nos dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) de 2008, anunciada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Entre os brasileiros que subiram socialmente, 19,4 milhões deixaram a classe E, que traça a linha da pobreza no país, com renda domiciliar inferior a R$ 768,00. Mais 1,5 milhão de pessoas deixaram a classe D (de R$ 768,00 a R$ 1.114,00). Com isso, houve uma queda acumulada de 43% no grupo dos mais pobres neste período. Aproximadamente 6 milhões de pessoas ascenderam à classe AB, cuja renda familiar é superior a R$ 4.807,00. A classe C, com renda entre R$ 1.115,00 e 4.807,00, é a maioria da população. Chegaram a ela mais 25,9 milhões de brasileiros nos últimos cinco anos. Bem como as conquistas de aumento real de salário, nos últimos anos, em virtude da estabilidade econômica.
JC – Como você avalia a atual Câmara Municipal?
Djalma – A Câmara Municipal de Rio Claro deve fazer valer o princípio da independência entre os poderes, do contrário acaba prejudicando o desempenho legislativo de fiscalizar e apurar os atos do Executivo. Afinal a principal função de uma Casa de Leis é legislar respeitando os interesses fundamentais da coletividade.
JC – Doze vereadores é um número suficiente ou deveria voltar a ser 19 ou até mesmo 21 cadeiras?
Djalma – A Câmara quando passar a atuar com 21 vereadores terá maior representatividade, pois terá ampliado a presença de segmentos da sociedade. É um aspecto elevado de representação democrática onde as decisões serão debatidas e deliberadas por um contingente maior de vereadores.
JC – Qual a avaliação do Governo Altimari?
Djalma – Somente após dois anos de mandato será possível avaliar o atual governo municipal. Até porque a administração alega ter encontrado enormes dificuldades como herança, assim é dar tempo ao tempo para ver se conseguem por a casa em ordem.
JC – O prefeito assumiu nesta semana o comando de comitê suprapartidária de Dilma Rousseff em São Paulo. Tal situação vem causando manifestações contrários de segmentos da comunidade. O que você acha disso?
Djalma – Encaro com naturalidade o fato de o prefeito Du Altimari estar no comando estadual da campanha da Dilma, foi ele um dos articuladores da chapa majoritária PT/PMDB da campanha presidencial. O prefeito deve ter habilidade o suficiente para colaborar com a campanha e administrar Rio Claro, até porque a eleição está logo aí. É prestigio pra ele e pra cidade.
JC – O fato de Altimari abraçar a campanha de Dilma é um risco? A cidade pode ser prejudicada até que ponto de José Serra (PSDB) vencer a sucessão presidencial?
Djalma – Não vejo prejuízos, a Dilma sendo eleita tudo indica que Rio Claro terá canal facilitado de atendimento às reivindicações. Se for o Serra não acredito em retaliação, uma vez eleito ele será o presidente de todos os brasileiros e não somente de quem votou nele. Em Rio Claro a administração anterior não trabalhou e nem votou no Lula, porém, naquela gestão foram prósperos os repasses de recursos federais que favoreceram em muito o nosso município.
JC – Mensagem final.
Djalma – Vamos em frente com bastante otimismo, não há espaço para o pessimismo. Não vamos mudar o que está dando certo. O futuro promissor e dias melhores dependem das nossas ações do presente.
RAIO-X
Nome: Djalma de Paula.
Família: Juraci (esposa); filhos: Soraia, Reisa, Djalma Jr. e Luana; netos: Walace, Naomi, Vinci e Natam; genros/nora: Flávio, Edinei e Paula.
Esporte: Futebol.
Time do coração: Corinthians.
Bebida: Água e refrigerante.
Hobby: Passeio com a família.
Televisão: Telejornal.
Sonho: Um país próspero com igualdade de oportunidades.
Decepção: Acidente de trabalho com morte de trabalhador.
Educação (onde estudou): Ensino médio, com curso profissionalizante do Senai.
Fonte: JORNAL CIDADE (Rio Claro), em 29/08/2010