Doces ou bebidas com adoçante não dão a mesma sensação de prazer dos produtos feitos com açúcar.
Não conseguimos enganar nosso cérebro, diz o nutrólogo Carlos Alberto Werutsky, da Sociedade Brasileira de Nutrologia.
Em estudo publicado na revista NeuroImage, pesquisadores holandeses avaliaram a resposta do cérebro de dez pessoas antes e depois de tomar suco de laranja com açúcar ou adoçante.
O resultado é que tanto a sensação de prazer quanto a vontade de comer doce foram diferentes nos dois casos. Só a glicose causa liberação de neurotransmissores que dão a sensação de bem-estar, como a serotonina, afirma Cristiane Ruiz Durante, nutricionista do projeto de atendimento ao obeso do Hospital das Clínicas de SP.
Apesar de o poder adoçante dos produtos artificiais ser maior do que o do açúcar, a mensagem de que estamos ingerindo algo doce não chega até o cérebro.
Segundo Werutsky, as papilas gustativas são sensíveis às fórmulas. Mas muitas delas não são metabolizadas pelo organismo: são eliminadas sem serem digeridas.
A exceção é a frutose, derivada de frutas ou mel. Quando metabolizado, o adoçante transforma-se em glicose.
MAIS PARA O MESMO
Sem o prazer proporcionado pela glicose, quem come produtos diet pode acabar exagerando na quantidade.
Para Paulo Cunha, especialista em neuropsicologia do Instituto de Psiquiatria do HC, dá para comparar os adoçantes aos cigarros light.
A pessoa não sente o mesmo prazer e fuma o dobro. É o mesmo caso com os adoçantes. Não é tão prazeroso, então a ingestão pode ser maior para compensar.
Para a nutricionista Cristiane Ruiz Durante, pessoas sem restrição ao açúcar não devem substituir doces por alimentos com adoçantes.
Prefiro indicar que a pessoa coma uma porção pequena de doce ou carboidrato. É melhor do que comer mais produtos diet para tentar buscar a mesma sensação.
O nutrólogo Werutsky afirma que o principal vilão da dieta é a gordura, e não o açúcar. O açúcar tem quatro calorias por grama, e a gordura tem nove. Evitar só o açúcar não resolve.
Fonte: Udop, em 12/09/2010