O principal desafio do mundo hoje é conciliar desenvolvimento com preservação. Para tanto, a chamada Economia Verde, ou de baixo carbono, é considerada por muitos como o único caminho possível de crescer e elevar a qualidade de vida de populações menos privilegiadas, sem exaurir os recursos naturais do planeta.
Pavan Sukhdev, assessor especial do Programa das Nações Unidas pelo Meio Ambiente (PNUMA), é um dos que compartilham dessa visão. Nesta segunda-feira (13), ele participou do evento Economia Verde: da Intenção à Ação, promovido pela Secretaria de Meio Ambiente do Estado de São Paulo, que pretendeu ser uma prévia da 1ª Bolsa Internacional de Negócios da Economia Verde.
A demanda por serviços ambientais praticamente dobrou nos últimos 40 anos e já excede a capacidade de regeneração da Terra. A humanidade, diz Pavan, está consumindo 30% a mais do que o planeta consegue fornecer anualmente. Isso não é desenvolvimento sustentável, afirmou.
Além de se colocar como um contraponto às mudanças climáticas e ao aquecimento global, a economia verde é, segundo ele, o principal caminho para garantir o desenvolvimento sustentável, reduzir a pobreza no mundo e gerar empregos. Ele citou como exemplo o seu país de origem, a Índia, que investiu pesadamente nos último anos na criação de ´green jobs´ com o objetivo de melhorar a qualidade de vida da população.
Para nós, a economia verde não é uma alternativa para a erradicação da pobreza, mas a única solução possível. Diferentemente da economia marrom [tradicional], intensamente focada no capital, a nova economia foca-se no desenvolvimento sustentável, com geração de empregos que melhorem a qualidade de vida do trabalhador, disse. Não se trata apenas de ganhar dinheiro, mas de ter um trabalho decente.
Segundo o assessor do PNUMA, cada vez mais aumentam os investimentos públicos nos setores verdes e na geração de empregos. O setor de energias renováveis, por exemplo, já emprega 2 milhões e 332 mil pessoas em todo o mundo, contra os 2 milhões de postos ocupados no setor de petróleo e gás, disse.
Saindo da esfera de produção energética, Pavan Suchdev destacou a importância de adaptação da agricultura aos mecanismo de produção sustentável, principalmente em países com alto nível de dependência da atividade no campo. Em Uganda, onde 80% da população tem na agricultura sua principal fonte de renda, o PNUMA tem trabalhado junto com o governo local para a adoção de técnicas de cultivo orgânico, que reduzem entre 48% e 68% as emissões de CO2.
Apesar das perspectivas positivas, ainda são muitos os obstáculos no caminho que leva à economia verde. Faltam subsídios, leis, impostos e envolvimento do setor financeiro e do mercado, disse Pavan. Para tornar bem sucedida essa nova economia, são necessários regulamentos por parte Estado e, principalmente, o comprometimento e a cobrança da sociedade civil, concluiu.
Fonte: Udop, em 15/09/2010