O resultado de agosto do Caged mostra, mais uma vez, o reflexo positivo do bom desempenho da economia sobre o mercado formal de trabalho, com saldo mensal de quase 300 mil postos.
A geração de empregos tem ocorrido de modo generalizado nos diversos setores e regiões geográficas, sinalizando a consistência tanto do aumento como da reativação do mercado de trabalho.
É provável que o país termine 2010 com aumento do PIB ao redor de 7% e geração líquida próxima de 2,5 milhões de postos formais. Esse resultado deverá permitir, pela primeira vez em quase 30 anos, aumento do emprego formal razoavelmente superior ao da PEA (População Economicamente Ativa) em 25%. É grande a probabilidade de um recuo mais expressivo do desemprego e da informalidade.
Esse resultado ganha maior relevância se considerado o quadro da economia internacional, ainda marcado por uma situação de instabilidade econômica e de ausência de claros sinais de recuperação da atividade. Em época de eleições, o contexto econômico e social favorável tem sido supervalorizado no debate público. Possíveis restrições futuras para a continuidade desse movimento são em geral minimizadas.
São pouco discutidas as consequências, sobre a geração de empregos, da maior dificuldade para o aumento das exportações (provocada por baixo crescimento econômico internacional), dos efeitos da valorização cambial sobre as contas-correntes e a base produtiva interna, do impacto de aproximação aos limites de endividamento das famílias e das empresas, entre outras temas.
É limitada a preocupação em relação à estratégia de sustentação do crescimento e da geração de emprego no longo prazo.
Não se pretende aqui apresentar uma avaliação alarmista sobre o futuro, mas seria prudente ao país buscar que bons ventos continuem soprando por vários anos, sendo que eles não virão de maneira espontânea.
O crescimento recente tem conseguido dinamizar o mercado de trabalho, contribuindo para a redução da desigualdade da renda corrente das famílias brasileiras, como mostrou a Pnad 2009. Somente com sua continuidade sustentada, em conjunto com as políticas públicas sociais e de renda, será possível produzir a diminuição de outras dimensões da desigualdade em nossa sociedade, como de patrimônio, educação, saneamento, habitação e saúde.
Isso abrirá perspectivas de desenvolvimento econômico equilibrado, expresso em condições adequadas de vida para nossa população do campo e da cidade.
Fonte: Folha de SP, em 17/09/2010