A definição do valor do salário mínimo terá seu primeiro embate hoje, em reunião das centrais sindicais com o relator do Orçamento, senador Gim Argello (PTB-DF).
Os sindicalistas querem um ganho acima da inflação em 2011, mas não aceitam que o aumento pago no ano que vem seja uma antecipação do grande reajuste programado para 2012. Argello, porém, quer negociar os dois anos juntos. Vamos abrir a negociação para o biênio 2011 e 2012, disse o senador. Os sindicalistas deverão se reunir com representantes do governo e da equipe de transição na semana que vem. O mínimo fixado para o ano que vem é de R$ 538,15, mas o valor será arredondado para R$ 540, segundo Argello.
A confusão em torno do aumento do mínimo ocorre porque o piso salarial é corrigido conforme a variação da inflação e o crescimento do PIB de dois anos atrás. Se essa regra fosse seguida ao pé da letra, em 2011 não haveria aumento real, pois o PIB de 2009 foi negativo. Em 2012, por outro lado, o reajuste será bem elevado, porque o PIB de 2010 crescerá algo como 7,5%. O reajuste de 2011 será ruim, mas o de 2012 será ótimo, comentou o ministro do Planejamento, Paulo Bernardo.
A ideia defendida por Argello é a de tratar os dois anos conjuntamente. Em 2011, seria antecipada uma parte do que vai ser dado em 2012. O próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que, se quiser, a presidente eleita, Dilma Rousseff, poderá fazer isso. Porém, há resistências. O que os sindicalistas só explicitam nos bastidores é que eles não querem que o reajuste DCE 2011 seja descontado em 2012.
É loucura, porque o reajuste de 2012 vai refletir o bom momento de 2010, disse o presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Artur Santos. Reajuste parcelado parece coisa de Casas Bahia, ironizou o presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva.
Fonte: Estadão, em 03/11/2010