Estudo realizado pelo Instituto de Economia Agrícola (IEA) revelou que os custos de produção nos canaviais nas seis principais regiões produtoras de cana-de-açúcar do Estado de São Paulo variaram de R$ 32,08 a R$ 45,42 por tonelada em 2010 – o que corresponde a uma diferença de 41% – e destacou o sistema de produção nas regiões de Catanduva e da Jaú que utilizam sistema de condomínios de canavicultores para a colheita.
As pesquisadoras do IEA Marli Mascarenhas de Oliveira e Kátia Nachiluk são as responsáveis pelo trabalho que deve ser disponibilizado no site do instituto ainda esta semana na série “Revista de Economia”.
De acordo com Marli Mascarenhas de Oliveira, em julho do ano passado foi publicado a primeira parte do estudo sobre os sistemas de produção e, pela primeira vez, foi efetuado levantamento sobre os custos nas seis principais regiões produtoras com a identificação de sete sistemas diferentes de produção mas todos baseados em plantio manual: colheita manual pela usina, colheita manual de cana crua pela usina, colheita mecaniza por empresa terceirizada, colheita manual pelo produtor, colheita mecanizada em condomínio, colheita mecanizada pela usina e plantio manual e colheita mecanizada pelo produtor.
O trabalho foi feito em regiões tradicionais como Piracicaba e Ribeirão Preto e também nas regiões de Assis, Araçatuba, Catanduva e Jaú, onde foi detectada a maior utilização de sistemas de condomínios de máquinas e equipamentos para corte de cana crua. De acordo coma pesquisadora Marli Mascarenhas, o levantamento indica que está ocorrendo uma maior necessidade de aliar o aumento das exigências ambientais com redução de custos.
A pesquisadora afirmou o trabalho identificou desde o formato tradicional em que o produtor planta e a usina colhe até estratégias de compartilhamento de máquinas e mão de obra. Ela explicou que a planilha elaborada sobre a região de Catanduva também inclui dados da região de Monte Aprazível onde esteve pessoalmente.
De acordo com o presidente da Associação dos Fornecedores de Cana da Região de Catanduva, João Pedro Gomieri, a entidade conta atualmente com 1.050 fornecedores de matéria-prima, que juntos somam 90 mil hectares dedicados à canavicultura. “Estamos utilizando o sistema de condomínios há três anos”.
Atualmente, existem 42 condomínios formados pelos fornecedores associados à entidade que contam com máquinas e equipamentos próprios desde o plantio até a colheita. “Quando se utiliza a colheita mecanizada, o plantio também precisa ser feito utilizando orientação por sistemas de geoprocessamento senão a perda de cana é muito grande. Se o canavial suportaria cinco cortes, ele faz apenas quatro”, disse.
O presidente da AFCRC explicou que a orientação em relação a parte técnica é fornecida pela entidade e a logística é das usinas. Os condomínios de fornecedores levam em conta a proximidade com a unidade industrial onde a matéria-prima vai ser entregue e tem capacidade de prover a entrega de 500 a 1.000 toneladas de cana por dia. Ele explicou que, apesar de toda a técnica utilizada, as condições climáticas podem afetar as operações.
Segundo o estudo, na região de Jaú o plantio com colheita mecanizada em condomínio tem custo operacional (COE) de R$ 32,75 e custo operacional total (COT) que leva em conta a depreciação do equipamento de R$ 34,80 contra R$ 39,30 (COE) e R$ 41,34 (COT) do corte e colheita feito pela usina. Na região de Catanduva, o plantio e a colheita mecanizada em condomínio custou R$ 35,91 e R$ 37,70.
O menor custo operacional ficou por conta de Araçatuba com a colheita mecanizada feita por empresas terceirizadas com R$ 32,08 (COE) e R$ 33,71 (COT). A região de Catanduva apresentou, ainda, o maior volume médio de cana colhida por hectare. Foram 91 toneladas por hectare (t/ha), contra 90 t/ha da região de Ribeirão, 89 t/ha da região de Assis, R$ 83 t/ha de Araçatuba, e 82 t/ha das regiões de Jaú e Piracicaba.
Fonte: Diário da Região, em 02/02/2011