O setor sucroalcooleiro tem mais de 800 vagas à espera de profissionais qualificados em todos os níveis na região Noroeste de São Paulo para atuar nas frentes mecanizadas. A informação é da Associação dos Produtores de Açúcar, Cana e Energia (Biocana). “São vagas como mecânico, eletricista e soldador, operador de colhedora e motorista canavieiro”, afirma a presidente executiva da entidade, Leila Alencar.
Segundo ela, a estimativa é de que nos próximos cinco anos sejam abertas mais de 200 mil novos postos de trabalho no setor sucroenergético brasileiro. “Isso se deve as novas unidades industriais em construção e ao crescimento da produção das atuais usinas”, disse.
Sérgio Prado, porta voz da União da Indústria da Cana de Açúcar (Unica), afirmou que a questão da mão de obra é importante para o setor sucroalcooleiro, mas ainda não causa tanta preocupação porque, da mesma forma em que está ocorrendo avanços no corte mecanizado da cana crua, o que exige um novo nível de qualificação profissional, as empresas estão treinando pessoal próprio para desempenhar as novas funções.
Leila Alencar explicou que, além da expansão da cultura, o compromisso assumido por usinas e fornecedores de cana-de-açúcar em junho de 2007 junto ao Governo de São Paulo para o fim do uso da queima da palha como método auxiliar de colheita manual da cana até 2014, está obrigando as empresas a investir na qualificação dos trabalhadores do setor agrícola e em uma quantidade maior de pessoas ligadas à mecanização.
“O documento, chamado de Protocolo Agroambiental do Setor Sucroenergético, prevê o cumprimento de metas mais curtas: até 2014 (para áreas mecanizáveis) e 2017 (para áreas de terrenos mais acidentados)”, afirmou.
Segundo Leila Alencar, as usinas associadas à Biocana estão em diferentes estágios da mecanização. À medida em que os fabricantes têm disponibilidade de equipamentos e que há possibilidade de aquisição, as empresas estão se adaptando ao novo sistema. E, em contrapartida, existe um intenso investimento das empresas no sentido de qualificar os trabalhadores.
Prado lembrou que, além do treinamento e qualificação realizado pelas usinas, também há um trabalho desenvolvido em parceria com a Federação dos Empregados Rurais Assalariados do Estado de São Paulo (Feraesp) para a qualificação profissional dos trabalhadores nas áreas de mecânica de máquinas agrícolas e tratores, tratorista, motorista canavieiro, operador de colheitadora de cana, soldadores e eletricistas. O programa Renovação também treinando pessoas das famílias de trabalhadores do setor sucroalcooleiro para desempenharem outras funções.
Segundo Leila Alencar, o Renovação visa treinar 7 mil trabalhadores rurais por ano no Brasil inteiro. “Na nossa região, são desenvolvidos cursos de eletricista, soldador, mecânico e tratorista. Nas usinas participantes, cerca de 80% dos colaboradores que foram submetidos a estas instruções são aproveitados em novos cargos.”
Ela disse também que uma demonstração da preocupação com a questão de qualificação profissional é que, periodicamente, as usinas preparam os colaboradores do campo para atuar em outros setores por meio de atividades de desenvolvimento de competências e capacitação de trabalhadores rurais para novos cargos; desenvolvimento de competências técnicas; incentivo à educação formal em cursos dos ensinos fundamental e médio, e desenvolvimento de equipes, incluindo cursos, palestras e encontros para estimular o trabalho em equipe, fazem parte da programação das empresas.
“Para se ter ideia, recentemente, cerca de 70 trabalhadores rurais de duas usinas foram alfabetizados, através de uma parceria com o Senar (Serviço Nacional de Aprendizagem Rural) e, depois de aprender a ler e a escrever, estes profissionais já passaram por outros cursos como o de olericultura e o de tratorista. O objetivo é alocá-los em novos cargos.”
Ilha Solteira oferece cursos de formação
O prefeito Edson Gomes (PT), da Estância Turística de Ilha Solteira, atendeu na semana passada o diretor da Usina Santa Adélia, Gilberto Cesarini, e comprometeu-se a direcionar trabalhadores que fizeram cursos de tratoristas, motoristas e operadores de colhedeiras para fazerem testes na unidade da empresa em Pereira Barretos.
Segundo Gomes, esses trabalhadores foram qualificados em cursos organizados pelo Departamento de Emprego e romoção Social e Centro de Referência em Assistência Social (CRAS) de Ilha Solteira. Além disso, a Fundação Municipal de Desenvolvimento da Educação de Ilha Solteira (Funedisa) entregou 45 currículos para a avaliação de alunos que fizeram cursos na entidade.
O prefeito afirmou que o setor é responsável pela geração de muitos empregos e as prefeituras devem colaborar, contribuindo com a contratação de pessoal, uma das dificuldades que as empresas estão enfrentando no momento.
Formado tecnólogo em Açúcar e Álcool pela Unifev, Alan Henrique Parro, afirmou que foi contratado por uma prefeitura da região para ministrar curso de operador de colhedeira gratuitamente aos moradores do município. Quando se formou há dois anos, Parro tinha feito estágio numa usina e identificou a necessidade da qualificação de mão de obra no setor.
Ele criou o Centro de Especialistas em Tecnologia Sucroalcooleira (Cets) e, em parceria com proprietários de máquinas usadas na agricultura e na construção civil, passou a organizar cursos de operador de colhedeira, tratoristas, operador de máquina de terraplenagem, de empilhadeiras entre outros equipamentos.
Em Guapiaçu, Alan Parro contratou a Autoescola Perico para fazer a inscrição de interessados no curso de operador de colhedeira. Segundo afirmou, neste período do ano – entressafra da cana – as máquinas estão mais disponíveis e a procura por qualificação é grande. Tanto que pretende lançar o mesmo curso em mais três municípios da região.
Fonte: Diário da Região, em 17/02/2011