O governo acendeu o sinal de alerta. Não bastassem as pressões inflacionárias que o Banco Central vem combatendo com o aumento da taxa básica de juros (Selic), entraram no radar os constantes aumentos dos combustíveis, por causa da escassez de álcool, apesar de o país ser o maior produtor do mundo. Adicionado à gasolina, o etanol está encarecendo de forma muito veloz – somente nos últimos dias, o preço aumentou 8%. Para piorar, a Petrobras está pressionando por reajustes do diesel e da gasolina, que estariam sendo vendidos a valores 13% menores do que no mercado internacional.
Desde a última segunda-feira, o governo fez vários encontros com usineiros para cobrar o incremento na oferta de álcool. Muitas empresas reduziram a produção do combustível para tirar açúcar das fábricas e se aproveitarem dos altíssimos preços do alimento no mercado internacional. Na avaliação do governo, em um momento de entressafra da cana, a substituição do etanol pelo açúcar é um equívoco, que pode trazer consequências pesadas para a economia. A alta dos combustíveis contamina toda a cadeia produtiva e os preços dos serviços, já muito pressionados (acumulam alta superior a 8% nos últimos 12 meses).
Na última quinta-feira, logo depois de mais uma reunião com representantes do setor sucroalcooleiro, o ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, afirmou que os produtores de etanol garantiram que não haverá desabastecimento nos postos, mesmo que sejam obrigados a importar o combustível (o que já está ocorrendo). A meta do governo é que as usinas antecipem a safra de cana-de-açúcar para reativar o mercado e ampliem os investimentos para evitar um apagão.
Resistência
Lobão também assegurou que o governo resistirá a todo custo às pressões da Petrobras para que a gasolina seja reajustada nas refinarias. Segundo ele , apesar de haver estudos da estatal que mostram a necessidade de reajuste, não há o interesse do governo em promover qualquer aumento. “Vamos resistir até quando for suportável”, afirmou.
Embora estejachovendo em algumas regiões produtoras de cana, o ministro assegurou que os empresários têm capacidade de começar a colheita antes de abril. “Na bomba, não faltará combustível. O mercado será regularmente abastecido. Isso é o que importa ao consumidor. Nossos produtores são muito bons. Alguns já estão colhendo e moendo cana”, disse Lobão.
Fonte: Udop, em 22/03/2011