O aumento do consumo e a produção estagnada do etanol hidratado vão gerar um saldo negativo de ao menos 9,8 bilhões de litros. Isso vai fazer com que os preços se elevem mais cedo -desta vez em dezembro, e não em março e abril.
A projeção é do professor de planejamento da FEA/ USP de Ribeirão Preto Marcos Fava Neves e considera o consumo de etanol hidratado por 80% da frota estimada de carros flex no Brasil para o final de 2011, de 15,5 milhões de unidades.
Historicamente, ocorre aumento do etanol nos postos no pico da entressafra da cana, em março e abril, mas, neste ano, segundo Neves, essa alta ocorrerá antes. “Será uma crise maior ainda.”
De acordo com Neves, para atender a demanda de etanol hidratado em 2011, deveriam ser produzidos 24,8 bilhões de litros -mas a estimativa é de 15 bilhões.
Seria necessário mais 1,8 milhão de hectares de terra produzindo 109 milhões de toneladas de cana.
“Já para moer essa quantidade, seriam necessárias 36 novas usinas em plena atividade. Isso necessitaria de US$ 15 bilhões em investimentos”, disse.
Na projeção do professor, em 2014 -ano da Copa- a frota de carros flex deverá atingir 21,5 milhões de unidades e o potencial de consumo de etanol hidratado será de 34,4 bilhões de litros.
“Considerando a mesma produção de 2010, sem investimentos pesados, o deficit de etanol no ano da Copa será de 19,4 bilhões de litros.” Para 2020, nas mesmas condições, o deficit poderá chegar a 38,6 bilhões de litros.
O analista da FGAgro Consultoria Thiago Camtaz concorda com a projeção de Neves. “Se os preços não se mantiverem equilibrados na safra, haverá aumento do consumo.”
Ontem, em Paulínia, o preço do hidratado era negociado a R$ 1 (com impostos). “Para ficar equilibrado, deveria ser comercializado a pelo menos R$ 1,17 o litro e ficar no limite dos 70% em relação ao preço da gasolina”, disse Camtaz.
ESTOQUES
O presidente da Unica (União das Indústrias de Cana-de-Açúcar), Marcos Jank, admitiu anteontem que será difícil controlar os preços, mas sugeriu alternativas.
Entre as medidas estão a ampliação dos programas de estoques regulatórios e do sistema de contratação do etanol anidro, numa parceria entre produtores e distribuidoras, para garantir a mistura de 25% da gasolina.
Fonte: Udop, em 16/05/2011