O etanol rompeu o piso de R$ 1,60 nos postos de combustíveis de Rio Preto. Ontem (14), o menor preço encontrado foi R$ 1,579. Desde que começou a cair, há um mês, o litro do combustível já recuou 21%. No dia 12 de abril, quando começou o movimento de queda no preço do álcool, o litro era vendido por R$ 1,999. Os preços estão sujeitos a alterações sem prévio aviso.
Embora sem estimar quanto, o presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo (Sincopetro) de Rio Preto, Roberto Uehara, disse que ainda há espaço para mais quedas. “A principal razão para a diminuição de preço é o início da safra de cana-de-açúcar.” Ele destaca ainda a pressão do governo federal, que fez com que a Petrobras baixasse os preços.
O Diário percorreu ontem 30 revendedores de diferentes regiões de Rio Preto e constatou que o preço mais praticado durante a tarde era 1,599. O valor foi encontrado em 11 postos. Em seguida, apareceu o valor máximo, R$ 1,699, registrado em dez locais da cidade.
Essa nova redução de preço torna o combustível ainda mais vantajoso para o consumidor que tem carro bicombustível. Para ser interessante, o valor do litro do etanol deve ser 30% menor do que o da gasolina. No pico da alta, na segunda quinzena de março, o litro do etanol bateu em R$ 2,199. Na comparação com o menor valor encontrado ontem, R$ 1,579, a redução de preço é de 27,2%.
Boletim do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da Esalq/USP revela que os preços dos etanóis registraram quedas expressivas na última semana no mercado paulista. Os valores foram pressionados pela maior oferta, devido à entrada de um grande número de usinas no mercado.
Segundo pesquisadores do Cepea, o período de início de mês, quando unidades têm maior necessidade de gerar recursos para quitar despesas, também influenciou as baixas. Entre os dias 2 e 6, o indicador semanal Cepea/Esalq do etanol anidro foi de R$ 1,8817/litro (sem impostos), queda de 21% frente ao período anterior. O indicador semanal Cepea/Esalq do hidratado foi de R$ 1,0651/litro (sem impostos), recuo de 20,4%.
Sérgio Prado, representante da União da Indústria da Cana-de-Açúcar (Unica) em Ribeirão Preto, afirmou que trata-se de uma normalização de preço em função do início da safra. “Tivemos uma oferta mais consistente depois do início da safra e isso derrubou o preço.” Segundo Prado, o movimento é de queda, mas não é possível dizer até que ponto pode chegar. “O consumidor já voltou a migrar para o etanol”, afirmou.
Álcool sai da usina por menos de R$ 1
O etanol anidro, misturado em 25% à gasolina, despencou 24,73% nas usinas paulistas nesta semana e o hidratado caiu 9,11% no período, de acordo com os indicadores do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq), divulgados ontem. O anidro variou de R$ 1,8871 para R$ 1,4162, o litro, em média, ante a semana passada.
Já o litro do hidratado caiu abaixo de R$ 1 e saiu de R$ 1,0651, para R$ 0,9680, em média, entre os períodos. Os preços não incluem impostos. Segundo Mirian Bacchi, coordenadora a equipe de responsável pela avaliação de preços do etanol Cepea/Esalq, poucos negócios foram feitos com o anidro nesta semana, o que sinaliza o retorno do consumidor para o uso do hidratado ante a gasolina.
Com isso, o preço do anidro recuou. Já a baixa do hidratado é reflexo das quedas diárias nos três primeiros dias da semana, com estabilização do indicador entre quinta-feira e ontem. “Muitos negócios foram feitos com hidratado, o que mostra a retomada do consumo”, disse Mirian.
Cana ao produtor sobe até 47,53%
O preço da cana-de-açúcar negociada entre produtor e usina encerrou abril com alta de até 47,53% sobre igual mês do ano passado e avançou 42,6% ante março, nos Estados de São Paulo, Goiás e Minas Gerais, de acordo com levantamento da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA) divulgado ontem.
A alta mais concentrada de março para abril se deve à entrada da safra – até então, sem produto para negociar, o preço era apenas de referência. No primeiro mês de safra nesses estados do Centro-Sul, a tonelada de cana foi negociada, em média, a R$ 69,96, ante R$ 47,42/t em abril de 2010 e R$ 49,06/t em março de 2011.
No Paraná, outro grande produtor do Centro-Sul, cuja safra já havia começado em março, o preço da tonelada da cana ficou em R$ 51,80, em média, no mês passado, alta de 28,95% sobre os R$ 40,17/t de abril de 2010 e aumento de 14,2% em relação aos R$ 45,36/t de março.
Para os estados do Nordeste, cuja safra caminha para o final – pois o período de colheita é inverso ao do Centro-Sul – a CNA também aponta alta nos preços da cana entre abril de 2010 e de 2011, mas recuos ante março.
Fonte: Diário da Região, em 15/05/2011