De olho nas eleições presidenciais de 2014, o PSDB paulista deu início a um esforço concentrado para ganhar capilaridade junto ao movimento sindical, considerado berço político do PT. Em sua primeira reunião, desde a eleição do novo comando estadual, a Executiva do PSDB aprovou por unanimidade a criação de um núcleo sindical tucano, uma estrutura cuja missão é estreitar o vínculo do partido com as bases sindicais.
O diagnóstico de lideranças da sigla é de que o momento é propício para uma aproximação com as entidades, principalmente após a presidente Dilma Rousseff ter enfrentado turbulências no diálogo com as centrais sindicais no início de seu governo, em especial durante a votação do reajuste do salário mínimo. Na avaliação dos tucanos, sem o apoio das centrais sindicais, o partido encontrará dificuldades em derrotar o PT na sucessão ao Palácio do Planalto.
“Para as próximas eleições, ninguém se elegerá presidente sem o apoio dos sindicatos”, avalia o coordenador da nova estrutura, Antonio de Sousa Ramalho, vice-presidente da Força Sindical. “E se quisermos fazer o próximo presidente da República, em 2014, nós vamos ter de conquistar o movimento sindical”.
O dirigente da entidade, que é também 1º suplente na Assembleia Legislativa de São Paulo, considera que chegou a hora de o PSDB criar espaços dentro da estrutura partidária para os movimentos sindicais.
Segundo ele, a ausência de canais de diálogo talvez seja um dos motivos que levaram os sindicatos a se distanciar da legenda. “A grande luta é trazer um grande número de sindicalistas para o PSDB para fazer política.”
Até o momento, o núcleo sindical tucano é formado por 26 integrantes, provenientes dos ramos do comércio, alimentação, transporte e construção civil, entre outros.
Além da Força Sindical, a nova estrutura compreende membros de sindicatos ligados à União Geral dos Trabalhadores (UGT), à Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB) e à Nova Central.
O estatuto da nova organização ainda está sendo finalizado, mas a ideia é atender as demandas do setor para o governo estadual, bem como acompanhar de perto o andamento de projetos no Estado de São Paulo. A primeira reunião do grupo com o presidente do PSDB em São Paulo, Pedro Tobias, está marcada para a próxima segunda-feira, quando devem ser traçados os primeiros passos do grupo.
Núcleo nacional
Na próxima semana, o núcleo sindical tucano deve também encontrar-se com o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin. A proposta da organização é de promover encontros com o governador de dois em dois meses. O coordenador da nova estrutura explica que a proposta é instituir núcleos sindicais em todos os Estados do Brasil.
O presidente do PSDB em São Paulo, um dos entusiastas da nova estrutura, tem defendido a criação de uma espécie de Conselho Sindical Tucano, um núcleo de âmbito nacional. “Eu apresentei a ideia ao atual presidente nacional, na segunda-feira passada, e ele gostou. Vamos ver se a gente consegue levar isso para o nível nacional”, disse Pedro Tobias. “Nós vamos tentar reconstituir o vínculo do PSDB com os sindicatos.”
Desde a derrota nas últimas eleições presidenciais, em 2010, o PSDB tem trabalhado para uma maior aproximação com o movimento sindical. Em São Paulo, o governador Geraldo Alckmin tem promovido o diálogo com as entidades, como na negociação do piso salarial paulista, e escalou um dirigente da UGT, o deputado estadual Davi Zaia (PPS), para assumir a Secretaria de Emprego e Relações do Trabalho.
Em Minas Gerais, o governador Antonio Anastasia já anunciou a criação de um Comitê de Assuntos Sindicais, no qual o próprio tucano deve coordenar as reuniões com membros de entidades da área. Uma outra frente de aproximação tem sido capitaneada pelo senador Aécio Neves (PSDB-MG), que ganhou o apoio de dirigentes de centrais sindicais ao defender um salário mínimo de R$ 560, valor que era defendido pelas entidades.
Fonte: Estado de SP, em 30/05/2011