Dentro de poucos dias, o consumidor vai pagar mais caro pelo etanol. Somente na semana de 6 a 14 deste mês, o preço do combustível subiu 12,71% nas usinas de São Paulo, termômetro do setor. A previsão do aumento chegar às bombas é de seis a dez dias. Um dos motivos do encarecimento em plena safra é o atraso no início da colheita da cana-de-açúcar, que reduziu a produção do centro-sul entre abril e junho.
Com a chegada do aumento ao varejo, a relação entre o preço do álcool e da gasolina, que hoje está numa média de 75% nos postos da Capital, deverá ser revertida.
Para que seja vantajoso abastecer com álcool é necessário que a diferença entre os valores seja superior a 70%. Em Belo Horizonte, o preço médio da gasolina entre 5 e 11 de junho foi de R$ 2,791. No mesmo intervalo, o álcool ficou em 2,097.
Segundo o vice-presidente da Ale Combustíveis, Jucelino Sousa, o preço fechado nas usinas não estão incluídos os impostos de distribuição. Isso significa que o repasse ao varejo deve ser ainda maior que a alta de 12,71% das usinas.
No ano passado, do início da safra até junho, a moagem da cana no centro-sul do país alcançou 134 milhões de toneladas. No mesmo intervalo de 2011, foram moídos 99,6 milhões de toneladas, 25% a menos.
Como consequência, a produção de etanol também registrou queda, passando 5,45 bilhões de litros para 3,88 bilhões de litros, redução de 28%, segundo dados da Unica (União da Indústria de Cana-de-Açúcar).
Aumento da produção depende de regras claras
Com a oferta menor e a demanda forte, a elevação dos preços já era prevista. Para aumentar a produção em Minas e estimular o uso do combustível, os produtores precisariam de regras claras e segurança na regulação do setor, conforme afirma o presidente da Associação das Indústrias Sucroenergéticas de Minas Gerais (SIAMIG), Luiz Custódio Cotta Martins.
Como exemplo, ele cita o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Prestação de Serviços (ICMS) para o etanol, que em Minas Gerais recebe alíquota de 22% e, em São Paulo, de 12%.
Além disso, os reflexos da crise financeira internacional, que rondou a economia entre 2008 e 2009, ainda pairam sobre o setor. No período, houve retração dos investimentos na cadeia do álcool e estímulo à indústria automotiva.
O descompasso entre o aumento da frota de carros flex e o recuo dos aportes destinados à melhoria da cadeia da cana-de-açúcar, como expansões e construção de novas usinas, fez com que a demanda e a oferta do etanol se distanciassem ainda mais.
Mesmo que os investimentos sejam retomados, o aumento da oferta do etanol, que puxaria para baixo o preço do combustível, não é prevista para o curto prazo. Nem para o médio. Conforme explica o representante da Unica em Ribeirão Preto (SP), Sérgio Prado, o ciclo de produção da cana gira em torno de 18 meses. Para que uma usina seja construída e comece a funcionar, são cerca de 4 anos. “O aumento da oferta não será imediato”, diz.
Fonte: Udop, em 16/06/2011