A safra 2011/2012 de cana-de-açúcar deve ficar ainda menor que o esperado pelo setor. Com isso, a expectativa é que o Brasil deverá importar mais etanol durante esta safra para minimizar a complicada relação oferta e demanda no mercado interno brasileiro. Segundo o levantamento realizado pela consultoria de açúcar e etanol Datagro, a produção deve ficar em 600 milhões de toneladas, que representa queda de 3% ante a estimativa de maio, e 3,3% ante a safra anterior.
Devido a problemas enfrentados nas três ultimas safras de cana-de-açúcar no País, tanto de ordem climática, quanto de pragas e falta de renovação e expansão dos canaviais, a produção sucroalcooleira será menor. A safra 2011/2012, na Região Centro-Sul, já em fase de colheita, está estimada em 536 milhões de toneladas volume 3,3% menor que a estimativa anterior. Números que reforçam a opinião da União da Indústria da Cana-de-Açúcar (Unica) que representa as usinas do centro-sul.
O presidente da Datagro, Plínio Nastari disse ao DCI que o grande volume de chuvas visto em 2009, resultou em uma maior compactação do solo, na hora da colheita, principalmente a mecanizada. Isso gerou problemas tanto na safra 2010/2011, quando na safra atual. “Essa compactação é algo muito grave porque encurta o ciclo da cana que é em média 5,5 anos. Quando temos o pisoteio, esse ciclo cai em até dois anos. Isso gera uma queda de rendimento agrícola muito mais rápido do que fazer a renovação do canavial mais cedo. Acabamos tendo falhas no canavial na safra passada e nesta atual”, contou.
Na safra 2010/2011, o problema foi agravado com a seca prolongada, causando a hibernação da planta e o atraso no desenvolvimento fisiológico da cana. Nastari contou que após a colheita, entre março e agosto de 2010, a planta não brotou na sequência devido à seca e somente com o inicio tardio das chuvas as plantas despontaram. Entretanto, esse canavial ficou com o mesmo desenvolvimento das colheitas que começaram em setembro, o que gerou perda de produtividade. “O canavial ficou todo igual, quando na verdade as plantas colhidas de março a agosto deveriam estar mais altas e com o peso maior. Isso gerou um atraso no desenvolvimento fisiológico da cana. Então canas que estavam com 13 meses, estavam na verdade com um desenvolvimento de 10 meses. E essas canas foram colhidas no inicio da safra. São elas que resultam em quebras de rendimento agrícola”, confirmou Nastari.
Plínio ainda salientou que os problemas com pragas e doenças no canavial também ajudaram a reduzir a produtividade. Principalmente as “brocas e a ferrugem alaranjada”. Para Nastari todas estas razões explicam a nova redução nas estimativas da safra 2011/2012.
De acordo com levantamento da Datagro, as usinas devem produzir nesta safra aproximadamente 33,7 milhões de toneladas de açúcar, queda de 2,9% ante a estimativa realizada no mês passado. Já a queda na produção de etanol pode chegar a 3,7%, passando de 24,2 bilhões de litros em maio, para 23,3 neste ultimo levantamento. Com relação à exportação de açúcar, a Datagro revisou o embarque para 24,2 milhões de toneladas, em comparação com 25,2 milhões de toneladas de maio. Dentro deste cenário a consultoria trabalha com a possibilidade de compras externas de aproximadamente 770 milhões de litros de etanol contra os 455 estimados para o período 2010/2011. A participação do etanol no mix de produtos safra 2011/2012 deve ficar em 52,1%, abaixo dos 54,2% vistos na safra anterior, a 2010/2011.
Nastari comentou que as usinas brasileiras também devem optar pelo plantio da cana de ano, para suprir o baixo fator de renovação dos canaviais de 18 meses. “O plantio da cana 18 meses ficou abaixo do normal, e não cumprimos o plano de expansão e renovação que estipulamos, isso significa que para compensar esse crescimento não obtido as usinas estão plantando a cana de ano, só que para isso precisamos de umidade, a não ser que tenha irrigação. Então esse plantio está limitado a umidade de solo para acontecer”, finalizou o executivo da Datagro.
Plano safra
O Plano de Safra 2011/2012 que será detalhado hoje em Ribeirão Preto (SP) cria uma linha de crédito direcionado a um programa de investimento para o setor sucroalcooleiro. O crédito será destinado tanto à renovação como a o plantio de novos canaviais, com forma de aumentar a produtividade no setor.
Fonte: Udop, em 17/06/2011