As vendas de caminhões e ônibus cresceram quase 18% na primeira metade do ano em relação ao mesmo período de 2010 e os fabricantes esperam um segundo semestre aquecido. A Mercedes-Benz anunciou ontem a contratação de 950 funcionários para iniciar o terceiro turno de trabalho em várias setores da fábrica de São Bernardo do Campo, no ABC paulista. O objetivo é ampliar a capacidade produtiva de 65 mil para 75 mil a 80 mil veículos ao ano.
Paralelamente, a montadora vai contratar 300 trabalhadores para a filial da Argentina, onde são fabricadas as vans Sprinter, ônibus e, desde o mês passado, caminhões de médio porte. Somando as duas unidades, o grupo passará a ter capacidade próxima a 100 mil veículos.
Na visão da empresa, o mercado brasileiro continuará crescendo nesta década em porcentuais próximos aos previstos para o Produto Interno Bruto (PIB), de 4% a 5% ao ano. “Se traduzirmos isso em produção de caminhões e ônibus podemos ver que a demanda é promissora e bem mais estável do que observávamos no passado”, disse o presidente da Mercedes-Benz do Brasil e da América Latina, Jürgen Ziegler.
Na semana passada, o presidente da Volvo, Roger Alm, confirmou investimentos extras de R$ 80 milhões para ampliar a capacidade da fábrica de Curitiba (PR) com uma nova linha de pintura. Hoje, a produção é de 100 unidades ao dia. Neste ano, o grupo já abriu 500 novas vagas. Em março, a MAN/Volkswagen contratou 400 novos funcionários no complexo de Resende (RJ)com a meta de ampliar a produção anual de 72 mil para 82 mil veículos.
Com as contratações anunciadas ontem, a Mercedes passa a empregar 14.350 trabalhadores nas três unidades brasileiras – São Bernardo, Campinas e Juiz de Fora – e 1.800 na Argentina. “Somos o maior produtor e o maior empregador no setor de veículos comerciais na América Latina”, informou Ziegler.
Segundo o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, de 2009 até agora a empresa contratou 2.850 trabalhadores. Com o terceiro turno nas áreas de montagem de eixos, cabines e estamparia, a montadora deixará de recorrer às jornadas extras. No ano passado, os trabalhadores foram convocados em 30 finais de semana.
Maior mercado. No mercado brasileiro, a Mercedes é líder em vendas de ônibus, com 53% de participação. Até 2009, o grupo também era número um em caminhões, mas perdeu o posto para a MAN/Volkswagen e hoje detém 27% das vendas.
Para a matriz alemã, o Brasil é o maior mercado da marca para veículos comerciais e participa com cerca de 5% do faturamento global. A filial fechou 2010 com faturamento de 5 bilhões.
O plano de investimento do grupo para o período 2010-2013 inclui, além de aumento de capacidade e novos produtos, a conversão da fábrica de automóveis de Juiz de Fora (MG) em unidade voltada à produção de veículos pesados. O primeiro deles, com início de produção em agosto é o extra pesado Actros, hoje importado. O veículo terá 60% de peças nacionais em três anos.
Ziegler lembrou que parte do aquecimento das vendas nesse semestre virá da antecipação de compras de frotistas. A partir de janeiro, novos caminhões terão de atender norma mais rígida de emissões, chamada de Euro 5, e essa tecnologia será mais cara. Ele defendeu ainda um programa de renovação de frota, a exemplo do que faz a Argentina.
Até quinta-feira, as vendas totais no País somaram 98,2 mil caminhões e ônibus, ante 84,1 mil no primeiro semestre de 2010. Além de atender a demanda, os investimentos das atuais fabricantes visam enfrentar novos concorrentes como a chinesa Sinotruk e a holandesa DAF (por meio da Paccar), que pretendem construir fábricas locais.
Fonte: Udop, em 01/07/2011