A demanda por serviços de combate a fraudes e à corrupção no Brasil já tornou difícil a contratação de profissionais por auditorias e escritórios de advocacia. A exigência de conhecimentos em áreas diversas, como contabilidade, administração, direito e tecnologia, tem levado as próprias empresas e os profissionais que atuam na área a buscar soluções para o problema da falta de mão de obra. Essas iniciativas rendem, agora, seus primeiros frutos.
Em fevereiro deste ano, um grupo de auditores e advogados experientes em programas anticorrupção se reuniu para trazer ao Brasil a Associação of Certified Fraud Examiners (ACFE), entidade que reúne 55 mil profissionais voltados ao combate à fraude e à corrupção no mundo todo. O objetivo da filial brasileira da entidade é treinar pessoal e disseminar a prática anticorrupção e antifraudes no país. De acordo com Cláudio Peixoto, diretor de investigações da Ernst & Young Terco, a ACFE Brasil, da qual é presidente, foi fundada com 60 associados. Hoje já são 185, entre advogados, auditores, funcionários de governos e trabalhadores das áreas de compliance de empresas privadas – que já são 44, vindos de bancos, indústrias e do setor de serviços.
Peixoto, que pretende trazer ao Brasil a conferência mundial da ACFE em 2012, conta que um dos primeiros projetos do braço brasileiro da entidade já está em andamento. Ele está negociando com uma universidade de grande porte do país a criação de uma pós-graduação em contabilidade forense, curso multidisciplinar que contará com aulas de fundamentos de direito, financeiros e de tecnologia.
Duas iniciativas semelhantes já estão em vias de começar. A auditoria I-Audit Assessoria Empresarial, em parceria com a West Virginia University, inicia neste semestre um curso para a certificação de especialistas no combate a fraudes e à corrupção no Brasil. O curso, com seis semanas de duração, terá como um de seus principais professores um ex-funcionário do Federal Bureau of Investigations (FBI), entre outros experientes especialistas no tema.
De acordo com Ivo Cairrão, sócio da I-Audit, em apenas um ano a área de combate a fraudes e corrupção passou a responder por cerca de 20% a 30% das horas de trabalho da auditoria. E, como as outras auditorias, já enfrenta dificuldades na contratação de pessoal. O mesmo acontece nos escritórios de advocacia. "As pessoas estão sendo contratadas a peso de ouro", diz Carlos Henrique da Silva Ayres, do escritório Trench, Rossi e Watanabe Advogados.
Com inscrições abertas até o dia 1º de agosto, a Fundação Instituto de Administração (FIA), em parceria com a PricewaterhouseCoopers (PwC), criou o primeiro curso de pós-graduação em análise, prevenção, detecção e riscos de fraudes empresariais, que inicia em 16 de agosto. "Queremos expandir o conhecimento anticorrupção e antifraudes no Brasil", diz Mona Clayton, gerente sênior da PwC. (CP)