O preço do álcool combustível subiu 1,44%, para R$ 1,15 o litro, nas usinas de São Paulo, Estado responsável por 60% do etanol produzido no País.
O valor, semelhante ao dos períodos de safra, está 34,7% acima do praticado em agosto de 2010 e é o maior durante o período de safra em nove anos, conforme levantamento do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Universidade de São Paulo (USP), que afere o preço do produto nas usinas desde 2003.
Mas o reajuste de preços pode significar, segundo os técnicos, o início de um período de estabilidade até o fim da safra, porque o valor chegou ao limite da paridade com a gasolina e não há indícios de escassez de álcool anidro, cuja produção está quase 10% maior que a da safra passada.
De acordo com a pesquisadora do Cepea Miriam Bacchi, a alta de preço em plena safra ocorre por causa de um descompasso entre oferta e demanda e pode representar o fim da sazonalidade que marca a atividade sucroalcooleira, acostumada com preços altos na entressafra (novembro a março) e baixos no período de safra (abril a outubro).
"Esse descompasso é causado por diversos fatores. Houve grandes períodos de preços baixos que, somados à crise de 2008, desestimularam os produtores a renovar os canaviais; nos anos seguintes as condições climáticas – chuva em 2009 e seca em 2010 – reduziram a produção e o ATR das plantações, ao mesmo tempo em que o crescimento da frota aumentou a demanda pelo consumo de etanol", declarou. "Com patamares adversos essa sazonalidade está sendo menor que nos anos anteriores", completa a pesquisadora.
Preços no limite. Nos postos de combustíveis do Estado, segundo a Agência Nacional de Petróleo (ANP), o litro do etanol caiu de R$ 1,81 na semana de 24 a 30 de julho para R$ 1,795 na semana de 07 a 13 de agosto.
O Estado de São Paulo, segundo o Cepea, é um dos quatro nos quais a paridade entre os preços do etanol e da gasolina não bateu ou superou os 70%. Em Tocantins ela está em 69,9%, em Goiás 65%, em Mato Grosso do Sul 61,8%.
Em São Paulo, a paridade está em 67,8%, praticamente no limite, por isso, segundo Miriam Bacchi, a expectativa é de que o preço do etanol deve se estabilizar e chegar no mesmo nível até o fim da safra. "O cenário indica isso", diz ela.
A última estimativa da Única para a safra atual revela que a produção de etanol deverá ficar 28% menor em relação à safra passada, com 12,87 bilhões de litros ante 17,97 bilhões da safra anterior, mas a produção de anidro (usado em 25% na mistura com a gasolina comum) está 9,8% maior, 8,14 bilhões de litros na safra atual ante 7,45 bilhões na safra passada. "Por isso é que os donos de carros flex terão participação importante para influenciar os preços do mercado."