Com a euforia dos investidores em relação ao etanol, todos queriam plantar cana e produzir o combustível. Centenas de usinas foram construídas entre 2005 e 2008, abrindo novas fronteiras de produção de cana no País, como a Região Centro-Oeste. A corrida do etanol, no entanto, inflacionou o preço da terra, seja para compra de imóvel ou arrendamento. De acordo com dados da Orplana, o custo de remuneração da terra subiu 57% de 2005 para cá.
Segundo o pesquisador do Programa de Educação Continuada em Economia e Gestão de Empresa (Pecege), Leonardo Botelho, da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq/USP), o custo da terra em São Paulo, maior celeiro da cana no Brasil, é bem superior ao de outros locais. "Há muita usina num espaço geográfico que está ficando pequeno. As empresas brigam pela terra (normalmente arrendada) e isso eleva o custo."
Com a crise de 2008, muitas empresas tiveram sérios problemas financeiros. Cerca de um terço do setor quebrou e 144 milhões de toneladas de cana trocaram de mãos. Nesse processo, além de novos projetos serem engavetados, houve uma perda de produtividade agrícola decorrente da não renovação dos canaviais e da falta de preparo do solo para o cultivo da cana, destaca Botelho. "Sem crédito, muitas empresas deixaram de fazer o trato ideal da terra, não usaram produtos adequados, o que reduziu a produtividade."