As vendas de fertilizantes seguem fortes no Brasil e cresceram 25,6% no acumulado do ano até agosto, estimuladas pelo bom cenário registrado para as culturas de soja, milho, cana e café, mostrou levantamento mensal divulgado pela indústria nesta quinta-feira.
Os dados da Associação Nacional para a Difusão de Adubos (Anda) revelam que os produtores brasileiros já compraram 17,053 milhões de toneladas, contra 13,573 milhões de toneladas em igual período do ano passado.
Os altos preços das commodities agrícolas vêm impulsionando o ritmo das vendas de fertilizantes neste ano.
Somente em agosto, as entregas do insumo nas revendas do país totalizaram 3,117 milhões de toneladas, alta de 16,9% sobre o mesmo mês de 2010. Este volume representa o maior já registrado para um mês de agosto, similar ao que já aconteceu tanto em junho como julho.
O volume recorde de entregas do setor foi registrado em outubro de 2006, quando as vendas totalizaram 3,438 milhões de toneladas, segundo a Anda.
"Tivemos aí uma antecipação de compras, mas também um aumento de consumo no primeiro semestre", afirmou o diretor executivo Anda, David Roquetti Filho.
Além da demanda para milho safrinha no primeiro semestre, os números indicam os esforços de produtores para investir em insumos para o cultivo da safra de verão, sobretudo, milho e soja.
No caso da cana, diz o executivo, houve um bom volume de vendas no primeiro semestre, para adubação das áreas de replantio, em esforço de renovação dos canaviais no Brasil.
Roquetti Filho ressaltou que a relação de troca segue favorável ao produtor. "O preço (do insumo) subiu, mas de forma suave, muito mais lenta que nos picos de 2008, enquanto os preços de commodites seguem em alta", explicou.
As importações também tiveram forte alta, saltando 45 por cento, para 12,833 milhões de toneladas no acumulado até agosto, ante 8,884 milhões de toneladas em igual período de 2010.
Já a produção nacional subiu 4,3%, para 6,303 milhões de toneladas entre janeiro e agosto, versus 6,041 milhões de toneladas de 2010.
A despeito da crescente demanda, a indústria local trabalha com uma limitada capacidade de produção e passa por um período de investimentos para ampliar a oferta interna, especialmente entre as grandes do setor como a Vale e a Petrobras.
Questionado sobre o cronograma de navios carregados com fertilizantes, o executivo informou que o tempo médio de espera no Porto de Paranaguá, principal via de entrada do produto no país, está em 32 dias e o volume deve continuar constante na faixa de 1,8 milhão de toneladas.
"O ritmo de importações continua firme. A grande dúvida do mercado é saber se o consumo será assim também … Se continuar do jeito que está com todas as variáveis macro (econômicas) atuais, a tendência é que continue como está", ponderou o executivo.