A moagem da cana-de-açúcar, em Mato Grosso, poderá terminar mais cedo neste ano, em relação ao calendário do segmento em anos anteriores. Usinas menores, consequentemente, seriam as primeiras a pôr fim à safra 2011 já a partir de outubro. Conforme o Sindicato das Indústrias sucroalcooleiras de Mato Grosso (Sindálcool) a antecipação da entressafra reflete as perdas das lavouras, atualmente 5,5% menor em relação ao ciclo anterior. Apesar da perspectiva atípica, o abastecimento local, principalmente de etanol hidratado, está garantido.
No final do mês passado, o segmento mato-grossense se reuniu para reavaliar a safra. O temor era de que a quebra na produção de cana, já conhecida em 5,5%, reduzisse também o volume dos produtos, como açúcar e etanol hidratado e anidro (misturado à gasolina). "Como nosso temor não se confirmou, ou seja, a produção não será impactada, a safra segue tranqüila, pois os efeitos da estiagem do ano passado que acarretou numa menor oferta da cana, não se configuraram sobre os seus produtos". Onze usinas estão em atividade no Estado.
Em relação ao etanol hidratado, a possibilidade de escassez parece mesmo remota ao se considerar o cenário atual, onde em plena safra o combustível atinge quase 70% do valor de bomba da gasolina, limite que coloca em xeque a competitividade do derivado da cana. Outro fundamento atual é o recuo sobre o volume comercializado. Conforme dados compilados até julho pela Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), o consumo no Estado, em relação ao acumulado em igual período do ano passado, está 18,7% inferior, ao passar de 230,48 milhões de litros para 187,38 milhões.
A migração do consumidor para a gasolina é reflexo das altas sobre o preço do etanol no mercado. Mato Grosso que por várias vezes apresentou o preço médio mais barato do Brasil, dentro do ranking da ANP – inclusive neste ano – segundo a última pesquisa semanal da Agência – é apenas o quarto mais acessível, com média de R$ 1,97. Goiás, com média de R$ 1,86, oferta o litro mais barato, seguido de São Paulo (R$ 1,90) e do Paraná (R$ 1,95).
Santos lembra que no ano passado, o consumo total de etanol no Estado foi de cerca de 400 milhões de litros e ele acredita que em 2011, o volume não chegue nem a 350 milhões. Se a previsão se confirmar, a redução anual será de 12,5%, ante um incremento de quase 6% em 2010 frente a 2009, de 393,94 milhões para 416,31 milhões.
PRODUÇÃO – De acordo com números do último levantamento de safra – agosto – realizado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), Mato Grosso amplia em 0,30% a produção de cana, com estimativa de 13,70 milhões de toneladas, ante, 13,66 milhões. A safra está impactada pela estiagem do ano passado e revela redução de 5,20% na produtividade que cai de 65,98 mil quilos por hectare (kg/ha) para 62,54. A área teve incremento de 5,80% com a totalização de 219,06 mil ha contra 207,05 mil ha na safra passada.
Em relação ao etanol, a produção total deve atingir 854,14 milhões de litros, sendo 286,04 milhões de anidro e 568,09 milhões de hidratado.
Conforme o levantamento, na comparação anual, a produção de etanol declina 0,37%, já que há diferença na comparação entre o realizado em 2010, 857,30 milhões de litros, ante a expectativa de 854,14 milhões neste ano. Comprando apenas a performance do anidro, há incremento de 4,34% entre uma temporada e outra. A produção deve passar de 274,14 milhões de litros para 286,04 milhões. O hidratado passa de 583,15 milhões para 568,09, redução de 2,58%.