Após o lançamento do Programa Nacional de Irrigação, previsto para o final deste mês, o ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra Coelho, vai concentrar esforços no incentivo à expansão da agricultura irrigada para além das fronteiras do semiárido, região contemplada no programa que será anunciado. Pelo menos foi isso que ele prometeu na segunda-feira a Antonio Teixeira Mendes, presidente da Câmara Setorial de Irrigação da Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos (Abimaq).
Segundo o dirigente, o ministro teria demonstrado grande disposição em desatar alguns nós que hoje impedem o crescimento da chamada agricultura irrigada particular. "Há necessidade de superar obstáculos como o acesso a energia elétrica e a questão da outorga da água, por exemplo", afirmou Mendes.
A presidente da República, Dilma Rousseff, deve apresentar oficialmente o programa entre os dias 24 e 27 deste mês, a depender de sua agenda. O objetivo do plano é expandir em cerca de 200 mil hectares a área irrigada em oito Estados: Bahia, Pernambuco, Ceará, Paraíba, Rio Grande do Norte, Piauí, Maranhão e Minas Gerais.
Para isso, o governo federal deve injetar diretamente R$ 2 bilhões em recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), com a expectativa de que o plano movimente algo em torno de R$ 10 bilhões em investimentos. Já estão em andamento conversas com potenciais parceiros privados nos setores de citricultura, sucroalcooleiro e de fruticultura, com maior ênfase nos dois primeiros.
De acordo com uma fonte no Ministério da Integração Nacional, responsável pelo programa, o dinheiro do PAC será aplicado preferencialmente em parcerias público-privadas (PPPs), pelas quais o governo espera atrair outros R$ 3 bilhões em aportes privados. Os R$ 5 bilhões restantes são esperados para um segundo momento, como consequência dos primeiros investimentos. "Trata-se das fábricas que vão ser instaladas no entorno das áreas onde haverá a infraestrutura de irrigação", explicou a mesma fonte.
Segundo o representante da Abimaq, que se reuniu com o ministro na segunda-feira, o plano deverá contar com mecanismos de controle de riscos e concessão de garantias, com vistas a elevar sua atratividade junto aos potenciais investidores. "O plano tem um viés forte em relação às PPPs. A expectativa do governo é atrair investimentos com enfoque em capacidade de gestão e uso de tecnologias, algo mais arejado e contemporâneo em relação ao que temos hoje", afirmou Mendes.