O preço do etanol aumentou 91% nos últimos dez anos e o uso do combustível é cada vez menos vantajoso quando comparado ao da gasolina, que no mesmo período, subiu 48%.
O levantamento é feito com base na média de preços dos postos de Araraquara disponível na página eletrônica da Agência Nacional do Petróleo (ANP). Em 2001, o litro do álcool custava R$ 1,04. O preço saltou para R$ 1,99 em 2011.
A elevação mais lenta do preço da gasolina, que passou de R$ 1,88 para R$ 2,79, tornou o produto mais competitivo. Isso porque a queima desse combustível é mais lenta e dá ao carro 30% mais autonomia.
O abastecimento com etanol, portanto, só compensa quando o combustível custa até 70% do valor da gasolina. Considerando o balanço do ano passado, esse porcentual já atinge 71%.
O Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo do Estado de São Paulo (Sincopetro) confirma a desvantagem do etanol e atribui o problema à preferência dada pelas usinas para a produção de açúcar.
José Fernando Bicaletto, diretor-regional do Sincopetro,afirma que os consumidores que investiram na compra de carros bicombustíveis apostando na economia proporcionada pelo etanol amargarão prejuízos nos próximos anos. "A tendência é o etanol se manter em patamares mais elevados".
Dados da União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica) mostram que somente a metade (52%) da última safra de cana foi destinada à produção de etanol – o que resultou num total de 25 bilhões de litros.
O diretor-técnico da Unica, Antonio de Pádua Rodrigues, atribui, no entanto, as constantes altas ao aumento da demanda provocada pelas crescentes vendas de automóveis no país. Em Araraquara, por exemplo, a frota passou de 71,1 mil para 135,7 mil veículos entre 2001 e 2011: aumento de 90,8%.
"O que acontece hoje é que a frota dos veículos continua crescendo e as usinas não têm produto suficiente para abastecer a todos e oferecendo um preço competitivo", explicou Rodrigues.