Outro ponto foi a seca de 2010, conforme explica o representante da Unica em Ribeirão Preto, Sergio Prado, que se refletiu na produção de 2011. "Houve também duas geadas. Esses contratempos climáticos geraram perda de 10%. Parte da cana floresceu e, ainda, faltou investimento na lavoura. Enquanto isso, a demanda foi crescendo."
Diante do cenário, conforme explica o consultor de agronegócios e bioenergia Paulo Costa, os produtores de cana privilegiaram a fabricação de açúcar, em vez de etanol. "Para eles é mais interessante porque eles conseguem se proteger mais. É possível travar contratos de longo prazo. Além disso, o preço do açúcar é listado em bolsa, o que dá mais rentabilidade", aponta. "A segunda prioridade das usinas foi produzir o etanol anidro (utilizado na mistura da gasolina), que dá um melhor retorno do que o hidratado CF51(o da bomba)."
Setor quer dobrar produção em 10 anos
O setor sucroalcooleiro pretende, em dez anos, dobrar a capacidade de produção. "Existe a necessidade de gerar oferta de etanol, porém, uma fábrica não fica pronta de um dia para outro", diz Sergio Prado, da Unica. No entanto, ele ressalta uma notícia que foi recebida com otimismo pelo segmento. "O BNDES disponibilizou R$ 4 bilhões em uma linha para a renovação e a ampliação da cana." De acordo com o consultor Paulo Costa, no ano passado não houve renovação dos canaviais – após cinco ou seis anos é necessário que eles sejam replantados. "Nesse período geralmente o produtor fica fora da safra, pois tem de esperar por um ano e meio até que a nova cana comece a brotar. Porém, como o setor estava passando por dificuldades, não havia como investir. A cada ano, 20% dos canaviais deveriam ser renovados."
Prado explica que esse era um crédito que estava represado. E, de fato, após ter atingido o pico de 30 novas usinas entre 2008 e 2009, para os anos de 2011 e 2012 estavam previstas apenas seis. Atualmente existem 440 fábricas.
Os altos preços praticados durante todo o ano passado, fosse em meio à safra ou não, são reflexo de um conjunto de fatores. Um deles foi o crescimento expressivo da frota de carros flex, que desde 2010 vem se expandindo. Em 2011, de acordo com dados da Anfavea, dos 3,4 milhões de veículos fabricados, 83,1%, ou seja, 2,8 milhões, foram bicombustíveis. No ano anterior, dos 3,3 milhões, 86,4% (2,9 milhões) eram flex. E, no País, a maior parte das pessoas que adquirem esses automóveis inevitavelmente optam pelo etanol.