Petrobras, os usineiros e as autoridades federais estão devendo esclarecimentos a respeito da correspondência entre os preços do etanol e da gasolina. Melhor dizendo: estão devendo uma explicação sobre a aplicação, na prática, das vantagens de usar um ou outro combustível, de acordo com os preços que estejam sendo cobrados.
O problema atual é que, chegada a safra da cana, o preço do etanol baixou e, em tese, voltou a ser mais conveniente, na comparação com o preço da gasolina. Mas onde estão os postos de combustível que cobram o etanol a preço vantajoso? Na prática…
Em cidades menores talvez seja mais fácil encontrar esses postos. Aqui em Jundiaí, entretanto, só depois de girar muito é que se encontra o álcool vendido a menos de 70% do preço da gasolina, a proporção mínima recomendada para se abastecer o carro flex com o etanol. E quem vai ficar rodando por aí…
Outra história mal contada dos carros a álcool, flex ou não, é a da longa e insistente luta dos produtores brasileiros para que os Estados Unidos eliminassem os subsídios à produção do etanol de milho e suspendessem a tarifa de importação cobrada sobre o nosso álcool de cana. Os americanos fizeram até mais do que o produtor brasileiro queria. E aí, aconteceu o quê? Aconteceu que, atualmente, o Brasil não tem etanol para exportar, enquanto as usinas estão com 30% de capacidade ociosa. Pior: a produção brasileira de álcool de cana é insuficiente para abastecer o mercado interno. Tanto isso é verdade que o Brasil teve até de importar etanol norte-americano recentemente.
O mundo inteiro admira a capacidade brasileira de criar um combustível renovável e menos poluente, capaz de rivalizar com o derivado do petróleo que tanto compromete o ar que respiramos e ameaça a vida no planeta. Mais ainda, a criação dos veículos com motor que funciona com álcool ou gasolina mostrou ao mundo a capacidade brasileira da dar passos adiante nessa história. A aceitação nacional foi tão rápida e entusiasmada que logo os carros flex passaram a dominar as linhas de montagem de todas as fábricas aqui instaladas.
Agora, no entanto, o consumidor se depara com a enorme dificuldade de encontrar postos que vendam o álcool a preço vantajoso. O que está acontecendo? São os usineiros que não produzem etanol em quantidade suficiente? São as distribuidoras que seguram o produto que ficou mais barato com a safra? É o governo federal que esqueceu sua obrigação de intervir, em casos assim, em favor do consumidor? Alguém tem de responder a essas perguntas de forma urgente.