Às vésperas do início da safra da cana-de-açúcar, a região de Ribeirão Preto registra falta de obra na área rural. O motivo é a migração dos trabalhadores para a construção civil.
Apenas em Jardinópolis, para trabalhar na safra de 2012, estão abertas 40 vagas para contratação imediata com salários de R$ 1,8 mil e mais benefícios. Nenhuma delas foi preenchida.
Segundo o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais da cidade, Airton Aparecido Ferreira, nenhum trabalhador manifestou interesse pelas ofertas de emprego na usina Jardest, da cidade.
O sindicato, segundo o presidente, colabora na contratação de cortadores e plantadores de cana para trabalhar no campo.
"A empresa prefere contratar pessoas de Jardinópolis, mas ainda não conseguimos nada e vamos ajudar a encontrar mão de obra de outras cidades, como Pontal", disse.
O salário médio de um operário da construção civil é de semelhante ao do trabalhador das lavouras de cana, médios R$ 60 por dia. Com 5 dias úteis de trabalho o rendimento nos dois casos é de R$ 1,2 mil.
Cesta básica
O salário base do trabalhador dos canaviais não pode ser inferior a R$ 690, mais cesta básica de R$ 100. Por produção, o cortador pode tirar quase R$ 2 mil por mês durante a safra.
Nos últimos três anos, a mão de obra da cana perdeu espaço para a construção civil na região. Segundo Ferreira, um dos motivos é a contratação temporária. Quando a safra termina, explica, nem sempre os contratados continuam, o que não ocorre com a construção civil.
Ele estima que pelo menos 1,5 mil pessoas trabalham atualmente em canteiros de obras de Jardinópolis, e que estariam empregadas na área rural durante a safra.
Nos últimos anos, os trabalhadores rurais foram abandonando o ofício e aprenderam a trabalhar como pedreiros, auxiliares e outras atividades na construção civil.
"Tem gente que construiu a própria casa em Jardinópolis e trabalha em obras de Ribeirão, que tem mercado aquecido", explica o sindicalista.
A assessoria de imprensa da Jardest informou nesta quinta-feira (23), por meio de nota, que não estaria com dificuldades para contratação na região de Jardinópolis. A empresa, informa a nota, tem vagas abertas no momento para soldador industrial, eletricista industrial, técnico de enfermagem do trabalho, analista de laboratório e operador de caldeira. "Para as vagas de safristas, a empresa provavelmente contratará o pessoal que já trabalhou na safra anterior", finaliza.