O preço do etanol nos postos de combustíveis do interior do Estado de São Paulo sobe mais rápido do que desce, aponta estudo da Universidade Federal de São Carlos (Ufscar), câmpus de Sorocaba. Pesquisa feita em 18 municípios escolhidos por amostragem para analisar as oscilações ditadas pelo mercado mostrou um descompasso no repasse dos acréscimos e decréscimos de preço.
"Constatamos que os donos de postos costumam transmitir por mais tempo e com margem maior os aumentos do que a diminuição nos preços", disse o professor Danilo Rolim Dias de Aguiar, do Departamento de Economia da universidade. "Dessa forma, eles conseguem uma margem maior de lucro", disse. O estudo foi realizado pela aluna pós-graduanda Jaqueline Zani dos Santos, sob a orientação de Aguiar e, segundo ele, revela que os postos abusam de seu poder de mercado, principalmente nas cidades menores.
O estudo envolveu cidades de 25 mil a 1 milhão de habitantes e mostrou que, nos centros menores, a tendência de formação de cartel é maior. A maioria das 11 cidades em que o preço demorou mais a cair tem quantidade menor de postos do que aquelas em que a queda foi mais rápida.
Isso ficou claro em Campinas, onde os preços baixaram tão rápido quanto subiram, provavelmente por causa da concorrência. "Quando a maioria dos postos começa a baixar os preços, os outros, embora tenham resistência em repassar a queda, acabam por fazê-lo para não perder a freguesia", explicou.
O objetivo era constatar o poder de mercado no varejo de etanol no Estado de São Paulo. O estudo não envolveu a capital porque, segundo Aguiar, os preços variam muito de uma região para outra da cidade.
Preços médios. De acordo com o orientador, ficou claro que os donos de postos são mais rápidos para aumentar os preços do que para diminuir. "É como se o preço subisse de elevador e descesse pela escada", comparou. Em todas as cidades o estudo constatou que a margem de acréscimo de preços é sempre maior no primeiro mês quando o preço sobe do que quando cai.
A pesquisa usou os preços médios praticados pelos municípios e registrados pela Agência Nacional de Petróleo (ANP), no atacado e no varejo. Aguiar disse que o próximo passo será estender o estudo para outros combustíveis, como a gasolina e o óleo diesel.