O excesso de chuvas no centro-sul está reorientando as usinas a produzirem mais etanol, em vez de açúcar. O setor tendia a produzir o alimento em maior volume, a despeito da carência energética do País, já que os preços estão atrativos, aquecidos pela demanda, no mercado global.
Na safra em vigor, até o primeiro dia de julho, a moagem de cana-de-açúcar chegou a 128,8 milhões de toneladas – no mesmo período do ano anterior, haviam sido 177,7 milhões de toneladas. Do total, 53,82% destinaram-se à produção de biocombustível – na base de comparação, tinham sido destilados 51,73%.
"O que ocorre – eu não diria que são interesses nacionais – é a influência direta do clima", avalia o diretor-presidente da consultoria G7, João Baggio.
O consultor observa que, no primeiro semestre, a falta de chuvas fez com que se optasse pela maior produção de açúcar. Mas, no período atual, as condições climáticas favorecem a produção de etanol.
"Com as chuvas, a cana não para de germinar e de crescer. Também fica mais aquosa, diminuindo o ATR [Açúcar Total Recuperável]. Assim, as usinas preferem fazer o biocombustível", explica Baggio.
Entre a safra passada e a temporada atual, o nível de ATR diminuiu, em média, 3,5%, de acordo com o consultor.
"No ano passado, quando se precisou da chuva na maturação dos canaviais, não choveu. Agora, chove e o ATR se torna mais baixo e há perdas na indústria."
Vendas
A União da Indústria da Cana-de-Açúcar (Unica) registra que as vendas de etanol pelas unidades produtoras da região centro-sul somaram 1,67 bilhão de litros em junho, dos quais 231,00 milhões de litros destinaram-se ao mercado externo. Do volume total vendido, 753,94 milhões de litros referem-se ao etanolanidro, e 920,92 milhões de litros, ao etanolhidratado.
No mercado doméstico, as vendas de etanolanidro alcançaram 566,15 milhões de litros em junho, retração de 11,02% em relação ao mesmo período do ano passado. Deste volume, 292,73 milhões de litros foram comercializados na segunda quinzena do mês.
Em relação ao etanolhidratado, as vendas domésticas no mês de junho atingiram 877,71 milhões de litros, frente ao 1,31 bilhão de litros comercializados no mesmo mês de 2011, ou seja, queda de 32,88%. Nos últimos 15 dias do referido mês foram comercializados 435,75 milhões de litros de etanolhidratado.
No acumulado de abril até primeiro de julho, as vendas totais de etanol alcançaram 4,71 bilhões de litros, 8,15% abaixo do montante anterior.