Um acordo assinado ontem entre o governo e a indústria de alimentos promete reduzir o teor de sódio nas margarinas, nos cereais matinais e nos temperos prontos usados no preparo da comida.
As reduções propostas, escalonadas para 2013 e 2015, variam de 1,3% ao ano (para temperos à base de alho e cebola para arroz) até 19% ao ano (margarinas vegetais).
Essa é a terceira rodada dos acordos voluntários com a indústria para a redução do sódio -substância associada a doenças cardíacas e dos rins.
Em 2011, foram assinados dois termos para massa instantânea, pão francês, pão de forma, bisnaga, mistura para bolos, salgadinhos de milho, batata frita e maionese.
Enquanto os primeiros miravam alimentos consumidos por crianças e jovens, este tem foco maior nas refeições familiares e em restaurantes.
"Boa parte do sódio da dieta do brasileiro está relacionada a caldos [temperos] prontos, usados em domicílios, espaços de alimentação no trabalho e nos restaurantes", explica Patrícia Jaime, da área de política de alimentos do Ministério da Saúde.
Com os acordos, o governo tenta se aproximar do consumo diário de sódio recomendado pela OMS (Organização Mundial da Saúde): 5 gramas. Estima-se que, hoje, o brasileiro consuma 12 gramas.
Esse novo termo pode eliminar cerca de 8,8 mil toneladas de sódio do mercado até 2020, nos cálculos do governo e do setor alimentício.
Fechando a próxima rodada de acordos -que deve valer para laticínios e comidas prontas-, a expectativa é retirar 25 mil toneladas de sódio das prateleiras até 2020.
METAS "TÍMIDAS"
Os acordos preveem o monitoramento das metas dois anos após a assinatura pelo governo. Assim, os alvos da primeira rodada (macarrão instantâneo e bisnaga) só serão verificados em 2013. A indústria afirma que já houve redução em alguns produtos.
Para o Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor), que analisou a primeira rodada, as metas estabelecidas são "tímidas", mantendo o consumo de sódio elevado e com pouca alteração do cenário atual do mercado.
A meta de 2012 para o macarrão instantâneo, segundo o Idec, é quase igual ao consumo diário total de sódio recomendado para adultos.
Edmundo Klotz, presidente da Abia (Associação Brasileira das Indústrias da Alimentação), discorda. Ele diz que os acordos colocarão o Brasil à frente de países com regulações muito rígidas.
O ministro Alexandre Padilha (Saúde) vai na mesma linha. "Uma meta em discussão pela OMS é a redução do sódio nos alimentos. O Brasil não só se antecipa a isso como o modelo de adesão voluntária, com monitoramento das vigilâncias, pode vir a ser o modelo recomendado pela OMS."