Enquanto o preço do litro do etanol continua em queda em Rio Preto, o da gasolina seguiu caminho oposto. Nas últimas quatro semanas, houve redução de 7,1% no preço médio do etanol e alta de 4,7% no preço do derivado de petróleo, segundo dados do último levantamento da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).
Essa movimentação de queda já levou os consumidores rio-pretenses a voltarem a abastecer seus carros com álcool. O levantamento aponta que o litro da gasolina era vendido em Rio Preto, no dia 10 de abril, pelo valor médio de R$ 2,653. No último dia 7, esse valor médio já havia subido para R$ 2,780. A pesquisa em 32 postos mostra ainda que o valor mínimo cobrado está em R$ 2,659 e o máximo, em R$ 2,899.
O preço continua em alta porque os valores praticados pelas distribuidoras também estão subindo. No dia 10 de abril, o valor era R$ 2,417 e passou para R$ 2,513 no dia 7 de maio, o que representa aumento de 3,9%. No mesmo período, o litro do etanol caiu de R$ 2,112, em 10 de abril, para R$ 1,962 no último dia 7.
O preço mínimo está em R$ 1,879 e o preço máximo, em R$ 2,119. Mas, o consumidor pode encontrar o valor do combustível por preços ainda menores. Postos, principalmente da região Norte de Rio Preto, estão vendendo o litro do álcool por até R$ 1,639. Para valer a pena para o consumidor, o preço do etanol deve ser igual ou 70% menor do que o da gasolina.
Segundo o presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo (Sincopetro) de Rio Preto, Roberto Uehara, metade dos consumidores tem optado pela gasolina e a outra metade pelo álcool. Quanto às vendas, ele diz que estão começando a voltar ao que eram antes. “Como o etanol queima mais, o consumidor frequenta mais o posto”, disse.
Segundo Uehara, o etanol está com tendência de queda e a gasolina também, entretanto, o decréscimo no valor do derivado de petróleo é mais lento. O proprietário do Posto Palestra, Fábio Porcini, afirmou que os consumidores estão voltando a optar pelo etanol, embora alguns ainda insistam na gasolina. “O movimento está aquecido e a tendência é de queda de preços do etanol”, afirmou.
No posto, o litro do etanol está custando R$ 1,679 e o da gasolina custa R$ 2,699. Segundo o gerente do posto Escala 1, Brás Canada, cerca de 70% dos consumidores já voltaram a abastecer os veículos com álcool em Rio Preto. “É que, para certos carros, ainda compensa a gasolina e alguns consumidores preferem esse combustível”, disse.
O litro do etanol está sendo vendido por R$ 1,699 e o da gasolina sai por R$ 2,799. Dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea) da Esalq/USP, mostram que o etanol hidratado recuou 23,1% no período de 4 de abril a 2 de maio. O indicador passou de R$ 1,3854 para R$ 1,0651.
64,6% da cana vira álcool
A quantidade de cana-de-açúcar processada pelas unidades produtoras da região Centro-Sul do Brasil até o final de abril atingiu 23,69 milhões de toneladas. Desse volume, 64,62% destinou-se à fabricação de etanol, percentual superior aos 59,18% observados no mesmo período da safra anterior.
Desde o início das atividades na atual safra, a produção de etanol totalizou 894,84 milhões de litros, dos quais 329,37 milhões de litros de anidro e 565,48 milhões de hidratado. A produção acumulada de açúcar ficou em 794,96 mil toneladas, queda de 68,89% em relação ao mesmo período da safra anterior, quando foram produzidas 2,55 milhões de toneladas.
De acordo com o diretor técnico da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), Antonio de Padua Rodrigues, a priorização do etanol no início de safra é um reflexo do comprometimento do setor sucroenergético para o restabelecimento da normalidade no mercado de etanol. Segundo ele, com a chegada da safra houve uma queda significativa no preço do etanol recebido pelo produtor. O preço do hidratado, por exemplo, recuou quase 40% nas últimas sete semanas.
Unica negocia estocagem
O presidente da União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica), Marcos Jank, afirmou ontem que o setor produtivo de etanol já negocia com o governo medidas “no curtíssimo” prazo para garantir o abastecimento de etanol na próxima entressafra, em 2012, e tentar evitar a crise de oferta e de alta nos preços do combustível ocorrida entre março e abril deste ano.
Segundo Jank, estão em pauta um novo programa de financiamento para usinas estocarem etanol agora, no início da safra de cana, e a contratação de um volume de álcool anidro suficiente para o aumento da demanda da gasolina, à qual é misturado em até 25%. Jank ressaltou que as negociações já começaram e que hoje esteve no Rio de Janeiro para conversas com a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Bicombustíveis (ANP) sobre o assunto.
O executivo cobrou o envolvimento de outros elos da cadeia produtiva, principalmente as distribuidoras, na contratação de etanol anidro suficiente para a mistura à gasolina. “É preciso que as distribuidoras se responsabilizem pela contratação conjugada de anidro à gasolina para terminarmos a safra com garantia de que não haverá falta de anidro na entressafra”, ressaltou.
Fonte: Diário da Região, em 13/05/2011