O ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse ontem que há “nitidamente uma tendência de redução da inflação no Brasil”. Ele garantiu também que a inflação em 2011 não ultrapassará o limite da meta, cujo teto é de 6,5% (o centro, de 4,5%, mais dois pontos porcentuais).
Para Mantega, os núcleos de inflação indicam a tendência de queda, que seria ajudada também pelo recuo do preço das commodities nas últimas semanas. Ele notou que as principais commodities minerais e agrícolas subiram 40% nos últimos doze meses, mas recuaram 6% no último mês.
“Então a trajetória é descendente e vamos ter um alívio por parte das commodities – a trajetória aparentemente será benigna nos próximos meses”, afirmou o ministro.
Mantega foi um dos participantes da mesa de abertura do XXIII Fórum Nacional, realizada ontem no auditório do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), no Rio.
O Fórum Nacional, presidido pelo ex-ministro do Planejamento João Paulo dos Reis Velloso, é organizado pelo Instituto Nacional de Altos Estudos (Inae), do qual ele é superintendente-geral.
Segundo Mantega, a inflação no Brasil, como nos demais países emergentes, tem um componente externo – a alta das commodities – e um interno, o fato de a economia estar mais aquecida do que nos países avançados.
“Então existe um risco de contágio, um risco de indexação, que deve ser combatido e é combatido pelo governo”, acrescentou o ministro. Ele garantiu que “não há nenhum relaxamento do governo em relação à inflação”, e que ela não ultrapassará os limites: “Nós temos a certeza de que em 2011 a inflação estará dentro da meta, do limite superior da meta de inflação, como, aliás, tem estado nos últimos cinco anos”, previu Mantega.
Ele lembrou ainda que, com a safra de etanol em maio, o preço do gasolina (que tem mistura com álcool) deve cair, contribuindo para a queda da inflação: “Nós teremos um declínio da inflação do combustível que, ao lado de alimentos, é o segundo vilão dessa história inflacionária”.
Segundo Mantega, o desempenho sólido na parte fiscal e o controle da inflação são fatores que devem garantir um crescimento médio do Brasil de 5% nas próximas décadas. “Com inflação alta é difícil manter um crescimento sustentável”, ele disse.
O ministro afirmou ainda que a reforma tributária vai se iniciar com a discussão do ICMS com os Estados, e com a desoneração da folha de pagamentos, que pode ocorre ainda este ano.
Outra estrela da abertura do Fórum Nacional foi o economista Edmund Phelps, prêmio Nobel de 2006, que disse que o principal problema de países árabes que tiveram rebeliões populares, como Egito e Tunísia, é o controle e as restrições da burocracia e dos políticos em relação às melhores oportunidades de emprego e à atividade dos pequenos empreendedores.
Fonte: Fernando Dantas / RIO – O Estado de S.Paulo, em 17 de maio de 2011