Os preços do açúcar estão 54,76% maiores que em julho do ano passado. E um dos motivos, segundo analistas de mercado, é a retenção do produto pelos usineiros. A Unica nega,garantindo que não há estoques de açúcar no País desde 2009. No entanto, os preços no mercado interno voltaram a subir e atingiram uma média de R$ 65 a saca de 50 quilos. A expectativa agora é de que o produto alcance, sem qualquer dificuldade, novos valores recordes acima de R$ 76 a saca.
Após uma produção menor de açúcar no ano passado, os preços que seguiam em patamares máximos de R$ 50 a saca até agosto de 2010, ganharam fôlego no final do ano e alcançaram a marca de R$ 75. Em janeiro deste ano, em pleno pico da entressafra, foi registrado o maior valor médio mensal da história do açúcar, com R$ 76. De fevereiro até maio, a situação se inverteu e as cotações do produto acumularam queda de 30%, dado principalmente à expectativa de colheita da nova safra brasileira.
Já durante o mês de maio a expectativa do mercado mundial ainda estava focada na produção indiana, que tinha projeções de recuperação, o que traria alivio às cotações, bastante elevadas naquele momento. Após a confirmação de uma grande safra indiana, veio o balde de água fria, pois o país resolveu destinar mais de 93% de sua produção de açúcar para o mercado interno e a formação de estoques. "Após esse período, os preços voltaram a subir até chegarem a esse patamar de R$ 65 em julho. Ele começou a cair em maio por conta da entrada de safra em maio, que gera uma pressão normal nas cotações. Quando o mercado externo assimilou que a oferta da Índia não seria suficiente os preços tornaram a subir, aliado a isso veio a confirmação de quebra de safra brasileira", confirmou o analista da Safras & Mercado, Maurício Muruci.
Segundo ele, essa quebra de safra e a atual demanda por açúcar no mercado interno e externo irão pressionar os preços desde já, e os elevarão a marca recorde antes mesmo do pico da entressafra em janeiro. "O maior valor que o Brasil obteve em preços foi os R$ 76. Os preços do açúcar não precisarão chegar até a entressafra para romper o recorde histórico, isso deve acontecer antes de dezembro, e o período de maior escassez de safra é de dezembro a fevereiro", garantiu.
Para o representante da União da Industria da Cana-de-Açúcar (Única), Sérgio Prado, não existe nenhuma sinalização no mercado interno ou externo para baixas consideráveis nas cotações do produto. "As crises financeiras vividas na Europa e Estados Unidos têm garantido os preços mais elevados das commodities. E o mercado não tem nenhuma razão para sinalizar quedas no açúcar, pelo contrário, pois estimamos uma colheita menor esse ano", disse.
Muruci acredita que os usineiros brasileiros estão aproveitando esse momento para ofertar menos açúcar, na expectativa de comercializá-las em períodos mais estratégicos, ou seja, com preços mais altos, para ampliar a lucratividade. "Existe um movimento estratégico das usinas para aumentar a oferta, mesmo porque estamos em pleno período de safra e os preços voltaram a subir e isso não é normal. As usinas estão vendo esse movimento e sabem que no período de entressafra os preços estarão ainda mais aquecidos, então ela limitam a oferta para potencializar a receita no futuro", garantiu o analista. Prado não confirmou essa afirmação e garantiu que todo o açúcar produzido será comercializado.
Já as exportações de açúcar no primeiro semestre cresceram 12% em receita se comparado ao mesmo período do ano anterior, passando de US$ 4,9 bilhões em 2010 para US$ 5,5 bilhões. Já os volumes recuaram cerca de 10%, fechando em 9,4 milhões de toneladas esse ano. "Essa redução na exportação é reflexo de um ajuste que fizemos para que o mercado interno seja abastecido completamente, pois a demanda aqui ainda segue bastante aquecida", garantiu Prado ao DCI.