O etanol voltou a aparecer como destaque de alta nos índices de preços, que medem a inflação ao consumidor. É um sinal de que a contribuição do combustível para derrubar a inflação nesta época do ano já pode estar perto do fim.
No IPC-Semanal, divulgado ontem pela Fundação Getulio Vargas, o etanol subiu 2,49% no mês encerrado no último dia 15.
O combustível pesa pouco nos índices de preço, mas influi no preço da gasolina, uma vez que um quarto do combustível é álcool anidro.
Por isso, o governo afirma ter pronta uma proposta para reduzir o percentual da mistura como forma de conter eventual escalada de preços, como a vista em abril.
Segundo levantamento de preços da ANP (Agência Nacional do Petróleo), o álcool vale R$ 1,999 e já não oferece vantagem sobre a gasolina.
Para a inflação de julho, o economista da corretora Máxima Elson Telles já prevê que o etanol apresente um aumento de até 5%.
Com isso, o preço da gasolina -que poderia ajudar a baixar a inflação- deve ficar perto da estabilidade.
"A contribuição de baixa dos combustíveis não vai existir em julho", diz Telles.
O governo conta com a baixa dos preços agora para ter menos pressão quando a inflação subir a partir de setembro, quando deve haver reajustes salariais e a volta da pressão de alimentos.
Copom
O Comitê de Política Monetária parecia contar com um recuo maior do etanol e da gasolina. Na ata da última reunião, o Copom previu que a gasolina subiria 4% neste ano. Até agora, a gasolina já subiu 6,15%.
"[A gasolina] deveria cair, mas para isso o preço do álcool deveria cair", diz Telles.
Para o professor da PUC-Rio Luiz Roberto Cunha, o comportamento do álcool não é comum para esta época do ano: "Mas isso pode acontecer com agrícolas".
Para o economista da LCA Francisco Pessoa, o governo não deveria reduzir agora a mistura na gasolina.
Se isso ocorrer, diz, a oferta de etanol aumenta e o preço cai, fazendo com que o consumo cresça.
"Haveria o aumento do consumo agora e a falta do combustível lá na frente [quando a safra acabar]."