Clima prejudica canaviais e reduz produção em 10%

Segundo a União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), esse fato ocorreu em algumas regiões produtoras, principalmente nos Estados de São Paulo, Goiás e Minas Gerais. A entidade explicou que essa condição não é desejada em áreas comerciais, pois no florescimento a planta direciona energia para a propagação, reduzindo a produtividade agrícola e a concentração de açúcares no colmo.

O produtor de Severínia, Ivan Antonio Aidar, afirmou que deve contabilizar prejuízo entre 2% e 3% em consequência de pequenas áreas que foram atingidas por geadas em 1,2 mil hectares (ha) dedicados à cultura de cana-de-açúcar na Fazenda Ibiúna. O frio queimou plantas jovens em brotação e também pés adultos. Ivan Tilelli Burjaili, engenheiro agrônomo da Associação dos Plantadores de Cana do Oeste Paulista (Canaoeste), afirmou que os casos de geadas teriam ocorrido há 20 dias quando a temperatura na região chegou a patamares próximos de zero durante a madrugada.

A ocorrência de geada foi bastante pontual, porém registrada em diversas propriedades daquela região. "A geada danifica a gema apical da cana que para de crescer e morre". Como no período posterior a geadas a temperatura e o nível de umidade permaneceram baixos, o prejuízo provocado demorou um pouco para ser avaliado. Com o surgimento dos sinais de danos ao canavial, produtores e usinas anteciparam a colheita antes mesmo que atingisse o ponto ideal de corte.

Burjaili estima que produtores da região de Severínia tiveram que fazer o corte com o índice de açúcar total recuperável (ATR) na faixa de 120 quilos por tonelada, quando o mesmo material poderia alcançar patamares superiores. A queda na quantidade de ATRs significa redução da produção de açúcar e etanol na usina. Aidar, por exemplo, colheu parte da cana na faixa de 130 quilos de ATRs e culpa o florescimento por isso. "Nessa época, o ATR já deveria estar em 145", disse.

Divulgação Embrapa 
 
Trabalho vai avaliar o desempenho agroindustrlal das cultivares 
Embrapa testa sorgo para biocombustível

A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) Milho e Sorgo, de Sete Lagoas (MG), vai avaliar o desempenho de suas cultivares de sorgo sacarino para produção de etanol em escala industrial. Para isso, está estabelecendo parceria com dez grupos de grandes destilarias instaladas em diferentes pontos do Brasil. "O objetivo do trabalho é avaliar as características agroindustriais das cultivares e a produtividade de etanol por hectare (ha)", explica o pesquisador Rafael Parrella. A experiência deve gerar conhecimentos sobre o sistema de produção de sorgo sacarino em grande escala.

Parrella afirmou que uma das parcerias que pode ser celebradas é com a Bunge, que mantém unidades no Noroeste paulista, próximas a Orindiúva. Parrella disse ainda que a Embrapa está aberta a propostas de parcerias, inclusive com usinas da região de Rio Preto que já realizaram experimentos com sorgo sacarino. No início deste ano, em Catanduva, a Usina Cerradinho plantou áreas com a gramínea na entressafra de cana-de-açúcar.

Novas cultivares

Em 2012, a Embrapa lançará três novas cultivares de sorgo sacarino. A demanda pelos materiais tem crescido paralelamente à demanda mundial por combustíveis renováveis.
O sorgo sacarino é uma opção promissora como matéria-prima para o etanol durante a entressafra de cana-de-açúcar. Quando as usinas de cana tradicionalmente ficam paradas, o sorgo sacarino é capaz de abastecê-las, evitando a grande queda na produção de etanol, principalmente nos meses de março e abril.

O Programa de Melhoramento da Embrapa Milho e Sorgo tem desenvolvido cultivares que já foram testadas em escala experimental. "Agora, a parceria com grandes destilarias permitirá a avaliação desses materiais em escala industrial", comenta o pesquisador André May. Os grupos parceiros vão plantar áreas variadas, de dez a 350 ha. Os profissionais da Embrapa farão acompanhamento e análise da produção para avaliar a eficiência de todo o processo.

Foi definido um posicionamento estratégico das parcerias com destilarias em diferentes estados, principalmente em São Paulo, Minas Gerais e Goiás. A partir das demandas que surgirem, serão estudadas futuramente novas parcerias para avaliar as cultivares de sorgo sacarino e o rendimento de etanol obtido.

Planta é para entressafra

O setor sucroalcooleiro deve plantar cerca de 60 mil hectares com sorgo sacarino na próxima entressafra de cana-de-açúcar, no início de 2012, de acordo com estimativa de Plínio Nastari, presidente da Datagro Consultoria. Segundo ele, a utilização do sorgo é uma nova estratégia da indústria para elevar a produção de etanol sem prejudicar a cultura de cana.

Segundo ele, o sorgo pode ser utilizado em áreas de reforma, que normalmente ficam vazias e podem ser afetadas pela erosão. "Com o sorgo, isto não acontece e ainda você tem uma oferta adicional de etanol", disse. O consultor ressalta também que a colheita do sorgo é feita de forma semelhante e com as mesmas máquinas usadas na retirada da cana e a performance industrial é parecida. "Todos estes fatores fazem com que o sorgo seja ideal para ser cultivado no período de entressafra, entre março e abril", disse.

Nastari lembra que o cultivo do sorgo vai evitar que se colha cana ainda verde no início da safra. "Desta forma, a cana deixa de ser colhida e tem mais tempo para amadurecer e elevar sua concentração de açúcares antes de ser processada", afirma ele. Além da Raízen, o plantio de sorgo já foi adotado pela Nova Fronteira, joint entre São Martinho e Petrobras Biocombustível, e pela Usina Cerradinho, da Noble Group.

Na Nova Fronteira, o plantio do sorgo já acontece na Usina Boa Vista, em Goiás, no período da entressafra, não competindo com a área de cana mas contribuindo para a elevação da oferta total do combustível renovável. A previsão é de que, em três anos, a oferta de etanol de sorgo da Nova Fronteira atinja 28 milhões de litros por safra Na Cerradinho, unidade do Noble Group em Catanduva, a produção nesta entressafra deve chegar a 1,4 milhão de litros de etanol a partir do sorgo.

 

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