O etanol foi o item que mais pesou no custo de vida do rio-pretense em julho e deve continuar aumentando a pressão sobre o orçamento doméstico nos próximos meses. O reajuste no preço médio do combustível atingiu 16,74% no mês passado, fazendo com que o Índice de Preços ao Consumidor de Rio Preto (IPC-RP) acumulasse até julho aumento de 0,63%. A expectativa é de que o preço do álcool no município chegue ao fim deste ano acumulando alta em torno de 3%.
Para o economista Hipólito Martins Filho, a expectativa é de que o grupo transportes, com destaque para o etanol e a gasolina, continue sob pressão durante o segundo semestre. Nos últimos 12 meses, o índice está acumulado em 4,26%. "Os preços estão se estabilizando, mas com uma tendência de oscilação para cima", afirma.Em Rio Preto, de acordo com a Agência Nacional de Biocombustíveis, Petróleo e Gás Natural (ANP), o etanol está sendo vendido pelo preço médio de R$ 1,774. Trata-se do maior valor médio para o mês de agosto da série histórica da agência, desde 2004. O preço médio está 30,8% superior ao de igual período de 2010.
Nos postos da cidade, é possível encontrar o litro do combustível por valores que variam de R$ 1,709 a R$ 1,799. Segundo o representante da União da Indústria da Cana-de-Açúcar (Unica), Sérgio Prado, a pressão sobre os preços deve continuar forte porque o produto está escasso e porque a safra deste ano será menor. "Não tem produção na medida em que cresce o consumo", afirmou.
O presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Derivados de Petróleo (Sincopetro) de Rio Preto, Roberto Uehara, faz uma previsão ainda mais pessimista. Ele acredita que a tendência de alta em relação ao etanol deve se manter não apenas nos próximos meses, como também nos próximos quatro a cinco anos. "A produção de veículos flex cresce cerca de 20% por semestre no Brasil e a produção de cana não tem acompanhado", explicou.
Outra deflação
Em julho, o IPC-RP voltou a fechar com deflação (-0,43%). Em junho, o índice ficou negativo em 0,43% e em fevereiro em 0,30%. O grupo transportes, em que estão os combustíveis, contribuiu com 0,25% no cálculo da inflação. O etanol teve alta de 16,7% e contribuiu com 0,20%. A gasolina teve variação menor, de 0,61%, e contribuiu com 0,02% na composição do índice.
O grupo alimentação registrou a maior queda em julho e foi o principal responsável pela deflação do mês passado. Com peso de 33,6% no cálculo, o grupo fechou com índice negativo de 0,88% e contribuiu com -0,30%. Este é o terceiro mês consecutivo em que os alimentos têm deflação. Esse resultado favorece as famílias de baixa renda, que comprometem cerca de 44% de sua renda com alimentação.
"O desaquecimento da economia mundial reduz a demanda e aumenta a oferta no mercado interno", afirmou a economista Emília de Toledo Leme, assistente da Secretaria de Planejamento, Inovação, Ciência e Tecnologia de Rio Preto. A pesquisa, realizada pela Prefeitura, Faculdades Integradas Dom Pedro 2º e Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe), levanta os preços de 20 mil itens na cidade.
Terceira idade
O índice de preços que mede o custo de vida da população da terceira idade, o IPC Terceira Idade, fechou o mês de julho em deflação de 0,19%. O resultado foi provocado também pela deflação do grupo alimentos. No acumulado do ano, o índice está em 0,45% e, nos últimos 12 meses, está em 4,72%.