O ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, vai deixar por conta da iniciativa privada a implantação de medidas para resolver a crise de abastecimento de etanol provocada, segundo ele, por pequena quebra na produção de cana-de-açúcar. Também caberá, de acordo com o Lobão, às grandes empresas do setor a criação de um mecanismo de estoque de passagem de etanol. Lobão esteve ontem no município de Colina para a inauguração da destilaria na usina São José da Guarani, adquirida em 2006 pela Tereos Internacional, da qual a Usina Guarani é subsidiária, em parceria com a Petrobras Biocombustível.
O ministro lembrou que o governo federal transferiu para o Ministério de Minas e Energia a responsabilidade pela produção de etanol. No entanto, ele não falou sobre a implementação de marco regulatório ou de medidas para definir o volume produzido de açúcar e etanol nas usinas para garantir o suprimento do biocombustível.
A produção de cana-de-açúcar nos Estados da região Centro-Sul corre o risco de ficar abaixo de 500 milhões de toneladas na atual safra, a menor produção desde a safra 2007/2008 quando foram processadas 431 milhões de toneladas.
Além disso, a matéria-prima vai apresentar menor concentração de Açúcar Total Recuperável (ATR) o que significa queda no volume de produtos obtidos por tonelada de matéria-prima esmagada.De acordo com o canavicultor e ex-presidente da Associação dos Fornecedores de Cana-de-Açúcar de Catanduva e Região, João Pedro Gomieri, a safra 2011/2012 reúne todos os problemas que poderiam afetar a produção de açúcar e etanol: florescimento dos canaviais, que diminui a concentração de sacarose na planta, seca e geada.
Nos últimos três anos, o setor enfrentou redução de investimentos para a construção de novas usinas, reforma e ampliação de canaviais por conta da crise internacional de 2008, excesso de chuva em 2009 e seca intensa em 2010. Tudo isso, aliado à venda crescente de veículos bicombustíveis, está tornando o etanol sem condições de competir com a gasolina em quase todos os estados brasileiros em plena safra canavieira.
Além disso, o Brasil deve se tornar o maior importador de etanol do mundo, com a compra de 1,5 bilhão de litros no mercado externo, e ampliar também a quantidade de petróleo para atender a frota nacional. O senador Aloísio Nunes Ferreira Filho compareceu à cerimônia e afirmou que é necessário que o País adote uma política de médio e longo prazo para o setor. Ele disse ser contra marcos regulatórios e redução do percentual de etanol anidro na gasolina. O ministro Lobão afirmou que o petróleo do Pré-Sal vai ser destinado à exportação e outras finalidades e que o etanol continuará desempenhando papel relevante na matriz energética do Brasil.
A usina
A destilaria vai produzir 110 milhões de litros de álcool por ano, com capacidade para moagem de 4 milhões de toneladas da matéria-prima. Foram investidos R$ 30,8 milhões na construção da destilaria que foi concluída em seis meses. O presidente da Guarani, Jacyr Costa Filho, disse que recebeu dos integrantes do governo federal informações que afastam dúvidas em relação a continuidade de investimentos e metas para o setor sucroalcooleiro.
O presidente da Petrobras Biocombustível, Miguel Rossetto, afirmou que a construção da destilaria na unidade São José integra o montante de R$ 800 milhões que a empresa investirá no Estado de São Paulo em 2011, montante que pode ser ampliado.