Governo dá incentivo para salvar etanol

Com o objetivo de estimular a produção de etanol e evitar a falta do combustível, o governo deverá anunciar nos próximos dias a redução de tributos para as indústrias produtoras de álcool.

Segundo o secretário de Produção e Agroenergia do Ministério da Agricultura, Manoel Bertone, haverá a redução de PIS/Cofins na venda de cana destinada somente para a produção de etanol.

Essa medida já vale para as empresas de cana produtoras de açúcar, disse ele.

O governo também vai abrir linha de financiamento para renovação e para novas áreas de cultivo de cana.

Segundo Bertone, esse financiamento terá taxas de juros mais baixas. Para financiar a estocagem, a taxa de juros será de 7% ao ano e os recursos serão do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) e do Banco do Brasil.

A Folha apurou que, para liberar o crédito, o governo exigirá das empresas contrapartidas no sentido de reduzir custos e modernizar a produção da cana.

A tendência é que os produtores assinem um termo de compromisso assegurando que irão investir mais em modernização das lavouras, otimizando o processo de plantio, fertilização e colheita.

O diagnóstico do governo é de que as lavouras brasileiras estão tecnologicamente defasadas, precisam reduzir custos e melhorar a qualidade da cana plantada.

"Queremos aumentar o volume de financiamento, a taxas de juros mais adequadas, de modo que os canaviais possam ser renovados na sua plenitude", afirmou Bertone.

SAFRA

O governo divulgou ontem uma redução de 5,6% da produção de cana-de-açúcar para a safra 2011/2012 em relação à safra anterior.

Devem ser moídos 588,9 milhões de toneladas do produto, contra 623,9 milhões de toneladas na safra passada.

Do total, 51% serão usados para a produção de etanol, sendo que 14,5 bilhões de litros são do tipo hidratado e 9,1 bilhões do anidro.

Segundo Bertone, há uma capacidade ociosa nas usinas de 25%. Há capacidade de processar a cana, o que falta no país é cana plantada.

Fenômenos climáticos como a escassez de chuvas em maio e geadas em São Paulo, Mato Grosso e Paraná prejudicaram os resultados, afirmou o diretor de política agrícola da Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), Silvio Porto.

O presidente da Federação Nacional do Comércio de Combustíveis e Lubrificantes, Paulo Miranda, estima um cenário ainda pior.

Miranda acredita em redução de 18% da safra deste ano em relação à safra passada.

Para ele, as medidas do governo só terão efeito no preço dos combustíveis no longo prazo. "Essa crise no etanol vai demorar entre três e quatro anos para ser contornada", disse.

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