O preço do álcool voltou a subir para o consumidor na maioria dos postos de Rio Preto nos últimos dois dias. O preço do litro mais praticado passou de R$ 1,499, segundo levantamento da Agência Nacional do Petróleo (ANP), para R$ 1,599. Esse preço já era praticado por alguns estabelecimentos na semana passada.
Dos 41 postos pesquisados, ontem pelo Diário, 27 vendiam o álcool a R$ 1,599. O preço mínimo encontrado foi de R$ 1,399. Nos demais estabelecimentos, existe uma pequena variação. De acordo com o presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Combustíveis e Derivados de Petróleo (Sincopetro), Roberto Uehara, o aumento, que só agora chegou às bombas, ocorreu há uma semana. O reajuste já havia atingido a gasolina, vendida a R$ 2,599 na maior parter dos postos. No entanto, a hipótese de nova alta não foi descartada. “Os postos trabalham com estoques e comercializam uma determinada quantidade por dia. Por isso, o aumento acaba não sendo imediato”, afirmou Uehara.
Novos aumentos já eram esperados para abril pelos pesquisadores, uma vez que haviam sido anunciados com antecedência pelas distribuidoras. Segundo Uehara, a tendência é que, apesar do início da safra de cana-de-açúcar, os preços se estabilizem nesse patamar ou ainda sofrer novos aumentos em função do consumo aquecido. “Só no primeiro trimestre deste ano, chegaram ao mercado interno mais 498 mil carros bicombustíveis e o País precisaria de mais 100 usinas para suprir o mercado interno”, afirmou.
No atacado
O preço do litro do álcool hidratado é vendido aos postos pelas distribuidoras em média a R$ 1,40. De acordo com o presidente do Sincopetro, Roberto Uehara, o valor inviabiliza a comercialização a preços inferiores. “Gostaríamos de saber como um posto paga R$ 1,40 e vende a R$ 1,39”, disse. Segundo ele, a resposta está possivelmente em uma fraude de adulteração ou fiscal. “A maioria dos consumidores não sabe que no caso das revendas de combustíveis preço baixo é sinônimo de vantagem”, disse. Isso porque o motor do veículo pode sofrer conseqüências em caso de adulteração”, afirmou. “Muitos consumidores procuram o preço mais baixo para poder economizar, mas não sabemos qual a fórmula usada por alguns postos para vender o combustível a esse preço”, disse o presidente.
Inflação
De acordo com a economista Emília de Toledo Leme, assistente da Secretaria Municipal de Planejamento, o aumento deve pesar no bolso principalmente da classe média em um primeiro momento. “Indiretamente, todos os setores são atingidos com os aumentos dos combustíveis porque o transporte é afetado e desencadeia outros aumentos”, explicou. Em março, os aumentos no preço do álcool e da gasolina fizeram que houvesse alta de 0,52% no grupo de transporte em Rio Preto, que respondem por quase 18% na composição da inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor (IPC-RP).
Cepea
Levantamento do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea), da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq), o preço do álcool hidratado caiu na última semana, depois de registrar altas em quatro semanas seguidas. O recuo dos preços no mercado paulista, segundo os pesquisa, é reflexo da negociação de produto da nova safra. A entrega do álcool pode ser feita em até 30 dias. Com isso, distribuidoras retraem-se, à espera de preços menores. A baixa do hidratado foi de 1,53% em relação à semana anterior, com o Indicador Cepea/Esalq para o Estado de São Paulo, registrando média de R$ 0,94971/litro (sem impostos).Para o anidro, o Indicador permaneceu estável (+0,09%), em R$ 1,07145/litro (sem impostos).
Consumidor
O consumidor não está gostando nada dos aumentos em plena safra. “Subiu muito nos últimos dias e a assim que terminar de pagar o financiamento do meu carro, estou pensando em financiar uma moto”, afirmou a operadora de reversão Tatiana Barbosa, que usa o carro para o deslocamento até o trabalho. A atendente Ana Luísa Cardoso tem um carro bicombustível e, para melhorar o desempenho do veículo, abastece na proporção uma parte de gasolina e três de álcool. “Se o preço continuar subindo desse jeito, vou ter de usar só gasolina porque rende mais”, disse.