A produção agrícola brasileira continua alta e embora a soja, principal produto exportado pelo País, tenha apresentado rendimento favorável nas últimas safras, a segunda maior das commodities agrícolas brasileiras, a cana de açúcar, apresentou rendimento muito aquém do esperado, afirmam analistas. De acordo com levantamento da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA), a participação do agronegócio no Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro foi de 22,4% em 2010, sendo responsável por 37% das exportações e 1/3 dos empregos formais. Segundo a CNA, espera-se que o Produto Interno Bruto da agropecuária apresente crescimento de 9% em 2011. No primeiro semestre, o crescimento do PIB do setor foi de 3,3%.
"A crise, que se estende desde o ano de 2008, reflete menores taxas de crescimento dos países desenvolvidos e, por outro lado, um forte redirecionamento do capital estrangeiro, rumo aos países emergentes. O agronegócio nacional tende a se beneficiar destes recursos como forma de fazer crescer a produção agrícola", diz estudo sobre a Safra 2011/2012 publicado pela Conab.
"As exportações estão crescentes e os preços são melhores que os do ano passado. A expectativa é que as próximas safras sejam muito produtivas", diz o diretor da Associação Brasileira do Agronegócio (ABA), Luiz Antônio Pinazza. "A falta de renovação dos canaviais pode provocar um problema de demanda", comenta Pinazza.
Segundo levantamento da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), a lavoura de cana-de-açúcar enfrenta problemas devido à falta de renovação dos canaviais e do baixo aumento da área plantada em 2011. "¿O aumento da área plantada foi de cerca de 5%, mas para que não ocorresse déficit na produção ela deveria ter crescido cerca de 20%", diz o analista de mercado da consultoria Safras & Mercado, Maurício Muruci.
Para a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o clima também interferiu na piora do rendimento da safra de cana. "O clima foi o principal causador da queda da produção, em consequência das adversidades ocorridas a partir do mês de abril até outubro de 2010, com chuvas escassas em toda a região Centro-Oeste e Sudeste. Este comportamento do clima prejudicou a brotação e o desenvolvimento da cana, tanto nas áreas colhidas como nas áreas de renovação e expansão, mas, favoreceu a colheita da safra passada, encurtando o período da safra", diz o levantamento da safra 2011/2012 publicado em agosto.
"A área plantada aumentou marginalmente, pois não houve renovação doa canaviais, que começaram a produzir pouco. No Brasil, é possível encontrar canaviais de até 12 anos", completa. O canavial chega a seu auge com um ano e deve ser utilizado no máximo preferencialmente até completar seis anos. A cada ano que passa o canavial produz cerca de 10% menos. Conforme o analista, 30% do canavial do País possui 12 anos ou mais.
"A Cohab verificou que 1 milhão e 200 mil hectares de cana deveria ter sido repostos em 2011. Essa falta de renovação levou a uma perda de potencial produtivo de cerca de 6% da produção nacional", conta. Segundo o analista, outro problema verificado pelo setor foi a alta dos preços do açúcar no mercado internacional, que fez com que parte dos produtores desistisse de produzir etanol e começasse a produzir açúcar, que apresenta lucros 20% maiores. Essa mudança de foco acabou influenciando no aumento do combustível e, consequentemente, da inflação.
Soja
A produção da soja foi recorde no último ano, segundo o analista de mercado da Conab, Carlos Bestetti e atingiu 75 milhões de toneladas. Segundo ele, o produto é preferido pelos produtores pela facilidade de venda e apresentou aumento de 3% na área produzida na safra de 2010/2011 para a safra de 2011/2012 e 9% na produção durante o mesmo período.
Produção em alta
Segundo o analista, a produção de milho das duas últimas safras foi excelente, devido à demanda alta tanto do mercado externo quanto do mercado externo. A exportação chegou a 10 milhões de t em 2010. A produção do café, que arrecadou US$ 5 bilhões em 2010, segundo o Ministério da Agricultura, também deve continuar alta, especialmente devido ao mau momento do café colombiano. "Até 2015 o café deve continuar no auge, mas a busca agora é por um café de melhor qualidade e a falta de mão de obra no setor pode ser um problema", diz Bestetti.
Segundo levantamento divulgado pela Conab neste mês, a produção brasileira de café para este ano é estimada em 43,15 milhões de sacas beneficiadas. Segundo a companhia, o número é 10,3% ou 4,94 milhões de sacas inferior ao volume de 48,09 milhões da safra anterior. No entanto, a redução se deve, principalmente, a este ano ser um ano de baixa, uma vez que essa é uma cultura bianual (que produz mais no primeiro ano e menos no segundo) e o rendimento desse segundo ano foi superior ao da safra de 2009/2010. Segundo a companhia, o bom desempenho se deve às condições climáticas favoráveis na maioria das regiões produtoras e aos bons preços do café, que possibilitaram ao produtor investir em adubação e irrigação.
Exportação brasileira – janeiro a agosto de 2011
fonte CEPEA/USP
Soja – 36.198.978
Açúcar- 15.772.040
Milho-4.520.906
Café-1.190.687
Álccol – 396.136