Contraproposta apresentada pela estatal é rejeitada pelos petroleiros, que decidem, em assembleia, interromper a produção por tempo indeterminado
A Federação Única dos Petroleiros (FUP) anunciou ontem que os trabalhadores da Petrobrás e empresas subsidiárias rejeitaram nas assembleias a contraproposta apresentada pela empresa no último dia 31 de outubro e aprovaram greve por tempo indeterminado a partir do próximo dia 16 – ou seja, um dia após o feriado pela Proclamação da República -, com parada e controle de produção.
Em nota, a Federação Única dos Petroleiros sustenta que, nas sete rodadas de negociação, a empresa "desprezou as principais reivindicações sociais da categoria, principalmente no que diz respeito à saúde e segurança, demonstrando que não se preocupa com a vida nem com a família de seus trabalhadores".
A Petrobrás limitou-se a informar que ainda não foi comunicada pela FUP sobre a greve e que, por enquanto, não comentará a possibilidade de suspensão dos serviços da empresa.
Reivindicações. Os petroleiros reivindicam 10% de reajuste real dos salários, a revisão da política de segurança, o aumento de efetivos, melhoria nos benefícios e igualdade de direitos como forma de melhorar as condições de trabalho do pessoal terceirizado, entre outros itens.
Desde 19 de outubro, os trabalhadores da Petrobrás têm realizado mobilizações nacionais, por meio de operações padrão, cortes e atrasos nas trocas de turnos, mas sem impactar a produção da empresa. Agora, segundo a FUP, como a estatal resiste em atender às reivindicações, a greve será deflagrada.
A entidade argumenta que a "defesa da vida" é o foco da campanha dos petroleiros este ano. Segundo a FUP, desde janeiro, 16 trabalhadores morreram em acidentes em unidades da Petrobrás. Desse total, 14 eram terceirizados.
Desde 1995, segundo a FUP, 310 trabalhadores morreram em acidentes na Petrobrás e subsidiárias.
Comperj. Trabalhadores do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj) interromperam ontem o serviço em protesto por melhores salários. Segundo a Petrobrás, as obras não chegaram a ser afetadas. Mas, à tarde, caminhões não puderam entrar no local porque não havia funcionários para descarregar o material que conduziam, conforme o relato de vigilantes aos motoristas.
O Comperj está sendo construído em Itaboraí (cidade na região metropolitana do Rio).
De acordo com o Sindicato dos Trabalhadores da Construção, Montagem, Manutenção e Mobiliário de São Gonçalo, Itaboraí e Região, o protesto envolve pedreiros, ajudantes, faxineiros e serventes. Eles reivindicam igualdade salarial com os trabalhadores de empreiteiras envolvidas na obra.
Os manifestantes tentaram impedir a entrada de trabalhadores na obra pela manhã e interditaram, por alguns minutos, o trânsito na estrada de Macacu, que leva ao Comperj.
A refinaria do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro tem previsão de começar a funcionar em 2013.