Oferta de cana permanece crítica em 2012

Consultoria prevê que safra do próximo ano poderá ser até menor que a deste, reduzindo a produção de etanol. Datagro estima que a oferta de cana em 2012/13 deve ficar entre 460 mi e 515 mi de toneladas no centro-sul.

O Brasil terá, em 2012, mais um ano de baixa oferta de cana-de-açúcar, o que pode implicar novos gargalos no abastecimento de etanol.

Segundo estimativa feita pela consultoria Datagro, especializada no setor, a oferta de cana para moagem na safra 2012/13 deve ficar entre 460 milhões e 515 milhões de toneladas na região centro-sul do país, responsável por cerca de 60% da produção nacional.

Para a safra atual, que está no estágio final, a projeção da consultoria é de 490 milhões de toneladas para o centro-sul. No cenário mais pessimista, portanto, a produção no próximo ano pode ser ainda menor do que a registrada nesta safra.

"Se tivermos piores condições climáticas, podemos ter um número menor do que o deste ano. A demanda por açúcar e álcool vai continuar sob pressão", diz Plínio Nastari, presidente da Datagro.

Segundo ele, a demanda mundial por etanol cresce à taxa de 13% ao ano, e a de açúcar, de 12% ao ano.

Com a produção agrícola estacionada, as usinas continuarão com capacidade ociosa de pelo menos 100 milhões de toneladas de cana -as unidades do centro-sul têm capacidade para processar 620 milhões de toneladas.

"São necessários dois ou três anos para colocar a casa em ordem e, talvez, termos uma produção como a do ano passado", afirma Ismael Pereira Junior, presidente da Orplana.

PRODUTIVIDADE

Vários fatores explicam a falta de expansão no campo, como a crise financeira de 2008 -que deixou muitas empresas do setor descapitalizadas-, falta de investimento em produtividade e consecutivos problemas climáticos nas principais regiões produtoras do país.

Segundo Nastari, a idade média dos canaviais ficou em 3,8 anos na safra 2011/12, enquanto o desejável seria uma idade de 2,7 anos. Quanto mais velho o canavial, menor é a sua produtividade.

Até a pressa para elevar a oferta no mesmo ritmo de aumento da demanda, nos últimos anos, explica a menor oferta de matéria-prima.

Segundo Antonio Cesar Salibe, presidente-executivo da Udop (União dos Produtores de Bioenergia), a maioria das usinas não está tratando as mudas de cana-de-açúcar antes de plantá-las, o que diminui a produtividade para a produção de açúcar e etanol.

Neste ano, até o dia 1º deste mês, o rendimento industrial está 2,7% menor, segundo a Datagro.

Para o consumidor, a menor oferta de cana deve resultar na manutenção de preços altos para o etanol, a exemplo do que ocorreu em 2011. "Será uma oferta ajustada via preço, como aconteceu na safra atual", afirma (Folha de S.Paulo, 22/11/11)

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