Mesmo com o possível aumento da produção de açúcar na próxima safra, os preços devem se manter firmes. De acordo com especialistas que estão reunidos na 11ª Conferência Internacional sobre Açúcar e Etanol, em São Paulo, o crescimento da demanda nos países emergentes deve garantir que as cotações sigam valorizadas. O economista da Organização Internacional do Açúcar Leonardo Bichara fala sobre as projeções.
Crescimento da demanda nos países emergentes deve garantir que as cotações sigam valorizadas – Divulgação
Crescimento da demanda nos países emergentes deve garantir que as cotações sigam valorizadas – Divulgação
– Acabamos de revisar nosso painel do produto. Estamos colocando nossa produção em 172 milhões de toneladas ante um consumo de 167,5 milhões de toneladas. Então tem um superávit no mercado de 4,5 milhões de toneladas – diz.
Entre os países com projeções otimistas para as próximas safras está a Tailândia, um dos maiores produtores mundiais de açúcar. O secretário geral do Ministério da Agricultura do país, Prasert Tapaneeyangkul, afirma que mais da metade da produção deve ser destinada ao mercado internacional.
Ele aponta que a safra deste ano e do ano passado foram boas e que a expectativa de produção é de mais de 10 milhões de toneladas. Segundo Tapaneeyangkul, o mercado interno consome apenas 2,4 milhões de toneladas, deixando um excedente para exportação de mais de sete milhões de toneladas.
Grande parte do açúcar comercializado no mercado internacional era, até pouco tempo, destinada à Rússia, maior comprador da commoditie. Entretanto, conforme Bichara, a produção interna de produto a partir de beterraba tem tido um grande aumento nas últimas safras, tornando o país quase auto-suficiente.
– O que acontece na Rússia é que eles estão melhorando muito o rendimento agrícola, que sempre foi muito baixo. E sem novas usinas, a produção praticamente dobrou do ano passado para este ano. Então teve um aumento de produtividade, rendimento e também de certa forma muito investimento do governo para que o país dependa menos de fora – explica.
O diretor da Job Economia, Julio Maria Borges, afirma que os baixos estoques mundiais contribuirão para a estabilização dos valores.
– Mesmo com esse excedente, a recuperação dos estoques será modesta. Isso vai dar suporte aos preços. Esperamos que eles caiam em relação à safra passada, mas essa queda não deve ser drástica – aponta.
Borges diz que o Brasil terá mercado garantido para a produção de açúcar.
– O mundo precisa do açúcar do Brasil. O mundo consome cada vez mais, principalmente nos países emergentes, como Índia, China e na África. E o Brasil é o fornecedor de última instância para esse adicional de consumo – conclui.