O maior direcionamento da cana-de-açúcar para a produção de álcool deverá elevar os preços do açúcar, segundo a Datagro, consultoria especializada no setor sucroalcooleiro.
O ajuste se dará sempre via preço. O mercado não será desabastecido. Mas uma produção menor de açúcar sinaliza preços mais elevados no futuro, afirmou Nastari.
Plínio Mário Nastari, presidente da Datagro, descarta que a crescente demanda pelo álcool possa provocar desabastecimento de açúcar no mercado, mas afirma que o ajuste se dará pelo preço.
Segundo a empresa, a produção de açúcar na safra 2008/2009 deverá ser menor devido ao atraso na moagem de cana –ocasionada por chuvas no inicio da safra e atrasos na entrega de equipamentos industriais- e ao maior direcionamento da produção para álcool, em detrimento ao açúcar.
A dinâmica da produção, no entanto, não deve ter reflexos na queda do preço do álcool ao longo deste ano, já que a estimativa de produção não tem se alterado, segundo o executivo. A estimativa de produção de álcool não está sendo alterada, e permanece no nível de 26,68 bilhões de litros, mesmo nível que vimos estimando desde maio de 2008, explica Nastari.
Na comparação com as safras anteriores, a consultoria projeta ampliação na produção de álcool da safra 2008/2009, para 26,68 bilhões de litros (ante 17,85 bilhões de litros na safra 2006/2007 e 22,40 bilhões de litros na safra de 2007/2008). Já a de açúcar deve encolher. A empresa prevê produção de 30 milhões de toneladas de açúcar na safra 2008/2009, frente a 30,64 milhões de toneladas em 2007/08 e 30,5 milhões de toneladas na de 2006.
Para a safra 2008/2009, a estimativa é de 11,27 milhões de toneladas para a demanda doméstica e de 18,8 milhões de toneladas para exportação. O Brasil é o maior produtor e exportador mundial de açúcar e de álcool, respondendo por 42% das exportações mundiais de açúcar e 63% das exportações mundiais de álcool.
O preço do açúcar para exportação é o que menor remunera o produtor brasileiro hoje. Em termos equivalentes, o preço do álcool anidro [misturado à gasolina] no mercado interno é o que mais remunera, seguido do hidratado de mercado interno, e do açúcar de mercado interno, diz Nastari.
Segundo o executivo, no entanto, apenas 25,5% da cana moída no país é utilizada pelo açúcar de exportação e 10,8% para o álcool enviado ao exterior. O saldo de cana é utilizado para os mercados internos de açúcar e de álcool que representam aproximadamente dois terços da demanda total de cana para uso industrial. Esta é a força do Brasil: o seu grande mercado interno, sentencia.
Fonte: Folha de SP, em 22/07/2008